quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

AMOR INVIÁVEL


EM FRENTE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Se tem que ser, não me oponho.
Vou ao sonho.
Tomo a lida.
Quebro todas as correntes
do próprio ar.
Nas pelejas desta vida,
não há nada que me anime
a desanimar.

PARÊNTESIS


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Raramente rasgo sedas ou teço loas para seja lá quem for. Sou do tipo que não ri à toa nem gasta lágrimas com emoções arranjadas ou de garimpo. Quando abro as mãos, o coração, braços e dentes, a doação tem seus alvos definidos: minha prole. Meus irmãos. Meus amigos... e parêntesis.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SOBRE SER FELIZ

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Ser feliz é uma questão de ser. Ser, de fato, e ponto final. Não é crochê, ponto cruz nem cestaria. Muito menos desempenho, agonia, escavação afetiva nem show de comportamento.
É algo sem preço. Vem de graça e nasce feito. Já pertence a quem é, por natureza e vocação. Passa pelo desencanto, a frustração e o ranger dos dentes, mas passa. Dá seu jeito e se perpetua. Jamais se rende ás passagens. Às transições.
As alegrias que vemos comumente quase nunca são espelhos da real expressão do ser feliz. Muitas podem ser simplesmente aparelhos; próteses; mecanismos da essência.
Igualmente, a tristeza facial quase nunca depõe com fidelidade sobre a natureza íntima de quem chora. Ser feliz não é o que paira, pousa e faz turismo em nós. É o que mora.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

LUZES

Demétrio Sena, Magé RJ.



Algumas pessoas têm luz própria.
Outras fazem gatos; roubam sortes.
Cabe ao tempo fazer os cortes.

PORTO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Libélulas pousam
na plataforma do arame.
Meu olhar embarca.

DOR DE CABEÇA D´ÁGUA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Muitos ficam perdidos no coração do tempo que perderam. Presos na palma da mão do destino que julgam ter na mão. Não admitem, gritam vantagens, mas os dentes de alho da boca da noite mordem suas línguas de fogo e as apagam na própria saliva.
Quem vai além da própria ilusão perde as asas do vento. Por isso não escapa do olho do furacão e já não tem habilidade para montar na costa do sol. Gasta  inteiramente seus dedos de prosa e só consegue acumular dores de cabeça dágua.
Um dia todos nós olhamos face a face da terra, quanta vida jogamos fora regando a planta do pé ou tomando banho de carne de sol. Sorte nossa, quando não é tarde demais. Quando constatamos que a unha de fome do mundo ainda não devorou as esperanças.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

PRA VIVER

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sempre tente outra vez.
mantenha o sonho em ação.
não vale a pena viver
quando se perde o poder
da tentação.

TROMBA D´ÁGUA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Um olhar assustado
rompe o céu; mesmo cético,
faz uma prece.
Cai muita chuva; parece
que Deus tomou diurético.

EMPREENDEDOR TERMINAL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Já não há tempo a ganhar.
perdi todo o meu tempo
não tendo tempo a perder.

PASSADO EM BRANCO

Demétrio Sena, Magé - RJ.
Meu olhar frente ao seu direto ao vazio;
rompe o crânio, se livra e não tem nostalgia;
não encontra magia e não revive um tempo
que perdeu em miragens de felicidade...
Sua boca não diz, quando fala comigo;
tão apenas relata o necessário e pronto;
bate o ponto certeiro do assunto formal;
nunca bate com nada que meu pulso marca...
Eu a culpo do mal de não sentir saudade
a não ser da saudade que podia ter
se você se restasse de quem foi outrora...
Dói demais não sentir a mais longínqua dor
pelas cores e os traços que o tempo esvaiu
num amor transformado nesta folha em branco...

JANELA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Se me dou aos teus olhos deste jeito;
se meus olhos te caçam, como vês,
não é caso de ausência do respeito
nem de ser dominado pela tez...

Tenho plena ciência dessas leis
que me vetam de todo e qualquer pleito,
conto sempre até quatro, cinco, seis,
depois levo meu sonho para o leito...

Eu te quero faz tempo; desde o dia
em que vi teu olhar que só me via
como alguém que pros olhos pouco importa...

Sei do quanto é só minha esta novela,
como sei te querer pela janela;
nunca hei de forçar a tua porta...

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

CELEBRIDADES


Demétrio Sena, Magé - RJ.

A diferença entre as celebridades de outrora e as contemporâneas, é que aquelas eram também cerebridades... tinham cérebros. As de hoje, têm célebros. É por isto que são celebridades.

RELAÇO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Estamos juntos de novo.
Retornamos ao ovo
que já foi quebrado,
num esforço espremido
pra nos resgatarmos
dos desgastes... do vento...
Sentimento em reforma,
busca plástica e forma,
funde os restos na fôrma
do ressentimento.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

DESCASO DE AMOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Um amor magoado, mesmo assim amor;
sem amor que se faça, pois nos falta fome;
que se deixa de lado e deixa o tempo ir,
corroendo as ações que já perderam corpo...
Eu te amo ferido e com amor sombrio;
um adeus ensaiado no temor da hora;
tu me amas com brio que não quer ceder
e não quer desatar os aguilhões aos pés...
É amor apesar do desamor exposto,
da frieza no rosto e do nenhum afago;
dos estragos do tempo, a corrosão do ser...
O descaso de amor que se formou em nós
tem a voz de sentidos que não têm sentido,
mas ainda é amor e nos restou sentir...

PAPAI E MAMÃE


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Certas mães têm natureza total de pai. Amam com praticidade, alguma dureza e um olhar técnico, impessoal para o comportamento do filho. Essas mães não fazem cerimônia nem consideram a hipótese de estarem erradas quando acham (e quase sempre acham) que os conflitos do filho são frescuras; os temores são dramas; os descontentos e opiniões próprias, pura pirraça; os gostos pessoais, mera esquisitice.
Por outro lado, alguns pais têm natureza total de mãe: amam com extremamento e cegueira; com entrega irrestrita; um olhar derretido. Esses pais sempre acham que seu zelo é pouco; é ineficiente. Superprotegem o filho e supervalorizam seus conflitos, temores e descontentos. Respeitam as escolhas e opiniões, e minimizam as esquisitices. São confidentes em potencial.
Cada natureza tem seus excessos e pecados. Ambas cometem erros; distorções de conceitos e olhares. No entanto, são ambas necessárias, se cada uma for exercida a contento. Não deixar buracos. Houver uma interação de lado a lado, gerando a entrega plena do pacote humano que formará o caráter de mais um cidadão imperfeito, porém sadio de afetividade, resolução interna, equilíbrio de caráter e certeza de quem é.
Para que as coisas sejam dessa forma, é necessário que todo filho tenha pai e mãe. Se a mãe for pai, que o pai seja mãe, e vice-versa. Não importa que sejam pais avós, pais tios, adotivos ou pais gays. Um terá que ser pai, o outro mãe, ainda que os papéis estejam trocados. Não sendo assim, até será possível criar um ser humano. Mas na hora de se formar cidadão, esse filho terá que ter a sorte de contar com a própria natureza.

sábado, 17 de janeiro de 2015

A MENINA E O MUNDO



Demétrio Sena, Magé - RJ.

A menina oprimida e tratada como santa cresceu. Quando a família perdeu o direito enviesado de separá-la das propaladas "imundícies do mundo", ela quis conferir. Ver se o mundo é tão imundo quanto aprendeu. Se todas as pessoas de fora da sua bolha são de fato perversas, mentirosas e podres.
Viu que o homem que fuma tem o pulmão comprometido, mas o coração, em sua natureza humana, é generoso. Conheceu finalmente a mulher de cabelos vermelhos e tatuagens no corpo, e constatou que a bondade não tem aparência. Que a decência não escolhe a cor dos cabelos nem da pele. Descobriu que a vaidade condenável não estampa ou cobre o corpo. Ela se oculta no coração e se manifesta em atos como preconceito, julgamento e certeza da perdição das almas de quem não comunga o mesmo credo; a mesma visão de mundo e vida; o mesmo caldeirão de filosofias distorcidas e dogmas calcificados. Ao mesmo tempo, descobriu a malícia e a hipocrisia; o rancor e a má fé impregnados em grande parte dos mais contritos, severos e santarrões da elite religiosa que a mantinha no cabresto... ou no redil. 
Então a menina já não menina chorou. Estava no mundo e só foi preparada para estar no céu. Teve que travar a grande luta interna para vencer a si mesma e aprender a tratar o próximo como semelhante, apesar das diferenças. Viu, de uma vez por todas, que não estava cercada por demônios. Que as virtudes não são exclusivas da religião, nem os defeitos são inerentes aos não religiosos ou aos que professam outras crenças. Percebeu que o bem e o mal não escolhem grupos e ambientes; estão em toda parte, e seja onde for, somos nós que nos livramos das tentações, por força de caráter, natureza e criação.
Mas a maior tristeza da ex-menina foi constatar o rancor, a intolerância, o preconceito e o julgamento dos seus, desde o momento em que resolveu enxergar com os próprios olhos. Caminhar com os próprios pés. Pensar por conta própria. Correr seus riscos e descobrir que o mundo é bom. As pessoas do bem são muito mais numerosas que as do mal, e nenhuma delas tem uma inscrição na testa ou na palma da mão. Muito menos é conhecida em sua real profundidade, pelos discursos que faz  ou o grupo a que pertence.
Mesmo assim, a já não menina e já não oprimida tem esperança de reconquistar a família e os antigos irmãos de fé, sem ter que voltar a ser como antes. Sua esperança na família, é a mesma que aprendeu a ter no mundo, após conhecê-lo pessoalmente, sem as influências do sensacionalismo denominacional.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

AULAS DE SER GENTE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Aprendi a me aproveitar dos mais simples. Tirar partido e vantagem dos humildes. Explorar os de boa fé. Confesso que tenho me dado bem com essa prática, e recomendo o mesmo a todos os espertos de alma; os safos de coração.
Dos mais simples, humildes e de boa fé, absorvi a riqueza de olhar o mundo com ânimo, justamente porque eles existem. E se eles existem, é possível crer na humanidade, pois a beleza de seus pensamentos, virtudes e atos fazem a vida valer a pena. São eles os guardiões do amor e da verdade. Os paladinos da paz e do bem. Mensageiros da luz que nos orienta e guia entre as trevas formadas pelos homens e as mulheres de má vontade.
Os mais simples, humildes e de boa fé são os fortes que os outros pensam que são. Têm a sabedoria que os outros pensam que têm. São tão eles, que, sem querer, confundem os intelectuais; enlouquecem os gênios instituídos que não querem saber ou realmente não sabem que nada sabem.  
Tenho andado no encalço desses anjos. Reconheço a distância entre nós, como reconheço que nunca os alcançarei, mas tiro minhas lascas. Aprendo lições. Colo secretamente para passar, mesmo que apertado, nas muitas provas do meu tempo aqui. Tento em vão recompensá-los com um pouco do meu saber empolado; minhas vãs filosofias; o inchaço da letra que me preparou para ser metido a besta. Eles não precisam, mas não fazem desfeita.
Quero continuar em torno dos mais simples. Ser a mosca dos humildes. Parasita nos de boa fé. Desviar indefinidamente para minha conta no vermelho, migalhas ou centavos dos valores humanos dessa gente que tanta gente menospreza.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

AS DUAS FACES DO TERRORISMO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

O mundo em luto mais uma vez, lamenta uma tragédia que amedronta e ameaça o direito à livre expressão. E à própria democracia. Terroristas movidos pelo fanatismo religioso, quem sabe apenas usando a religiosidade como pretexto, mas movidos por outros sentimentos e ideologias, não hesitaram em matar. Como sempre fazem. O que sabemos é que se trata de mais um ato injustificável para uma sociedade pretensamente civilizada.
Entretanto, não podemos deixar de analisar essa questão por um ponto de vista que a própria humanidade ignora: o velho direito que acaba onde começa outro direito. Quando no Brasil, aquele pastor do qual nunca procurei saber o nome chutou em rede nacional uma imagem de culto dos católicos, a revolta foi unânime. E tinha que ser. Nenhuma democracia permite ao cidadão agredir ou zombar da fé alheia. Mas também é revoltante quando católicos e evangélicos se unem para oprimir a umbanda, o espiritismo e outras expressões da fé. Quando os ateus impõem a todos os religiosos a pecha de idiotas, ou todos os religiosos fazem o mesmo aos ateus. Criticar com respeito e até reclamar, não ofende, mas estabelecer um deboche contínuo, agredir como pode e fazer brincadeiras com o que há de mais sagrado para um grupo ou uma sociedade, que é a sua religião, não é correto. Além de não ser correto, é assumir um risco, pois todo grupo religioso é composto por pessoas moderadas, indulgentes e bem resolvidas, mas também por fanáticos raivosos e dispostos a qualquer loucura por sua crença.
Buda, Maomé, Gandhi, Jesus Cristo, Allan Kardec e todos os outros ícones da fé jamais incitaram o ódio. A essência de todas as manifestações religiosas é a paz. As guerras são metafóricas ou espirituais; travadas contra entidades além dos olhos e das mãos, conforme a crença de cada um. Pessoas não são demônios; os possíveis inimigos de nossas almas não são os seguidores de outras crenças ou fés. Pensar assim é o começo do ódio, da intolerância e dos combates entre seres humanos, e isso depõe contra todos os ensinamentos religiosos fundamentados.
Ninguém tem o direito de zombar da fé, tanto quanto a fé não tem o direito de oprimir os que não a têm. Não é antidemocrático ter de respeitar o próximo. Se não podemos ofender por etnia, orientação sexual e classe econômica, por que seria diferente com a religião? A democracia ou a liberdade de expressão permite os questionamentos contra o que nos oprime, humilha ou apavora; não contra tudo o que simplesmente nos desagrada ou não é de nosso gosto.  
Estes questionamentos não são de um religioso. São de um antirreligioso; um cético, no que tange as orientações espirituais disponíveis. Portanto, questionamentos sinceros de quem protesta, critica e até zomba dos poderes constituídos, que são o grande telhado de vidro do mundo inteiro. Cabem perfeitamente no contexto de qualquer crítica literária, artística ou especializada. No entanto, este cético há muito aprendeu a respeitar os ícones da fé, seja ela qual for; mesmo essas que o ser humano abraça com fanatismo. 
Ofender ou perseguir sistematicamente os alvos, ícones ou objetos de crença configura terrorismo religioso. Evidentemente, o terrorismo incitado pelo fanatismo que odeia e mata é muito pior. Estou de luto com o mundo, pelos jornalistas assassinados. Ninguém entenda o oposto... nem acrescente meu texto, palavras que não escrevi.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

ABAIXO A ZORRA


MINICRÔNICA DA BIRRA HUMANA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

No momento não queres. Por enquanto. É que agora não tem mais graça, porque dá. E dando, é aquele caso... a velha máxima do dá e passa.
Até há pouco, era grande o querer. Querias muito; com força e tino. Entretanto, era destino inatingível. Dos mais distantes. Muito além da mão que se alongava para um rumo abstrato.
Certamente o seu não seria sim, se o mundo inteiro; se a própria vida... se tudo ainda dissesse não.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

TARDE DEMAIS


ESSENCIAL

Demétrio Sena, Magé - RJ.
Optei por viver mais.
Por ser capaz
de não correr...
já não quero perder tempo
com não ter tempo
a perder.

SEM SALDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se por força do passado
nocauteias teu presente,
teu futuro,
é preciso que te diga:
eu não compro tua briga...
estou duro.

CULTO À PREGUIÇA

Demétrio Sena, Magé - RJ.
Vida boa de olhar deste meu canto;
deste mundo ao alcance dos meus pés;
desses braços de chão arborizado
e das tiras de manto entre a folhagem...
Vida fácil de alguém que se acomoda
com a simples riqueza de um quintal,
muita sombra, o cachorro do vizinho
e a moda longínqua de viola...
Mundo bom de sentir numa saudade
que não é de ninguém ou tempo algum,
só invade a magia de sonhar...
Corajosa viagem da preguiça
que se doa e veleja tempo afora
ou enguiça e se perde por prazer...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

AMOR EM QUEDA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Esfriou, não retente.
Não requente.
Separe amor e café.

SEDENTARISMO DE AFETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Um odor de foi bom; mesmo assim nunca mais;
uma dor de partida que me parte ao meio;
meio termo completo a se ocultar de nós
onde a voz faz de conta que não diz aos olhos...
Sempre falta coragem quando chega o fim,
dizer sim à verdade requer exercício,
mas a nossa preguiça não deixa fazê-lo
e nos prende à promessa do velho amanhã...
Nosso amor sedentário acumulou gordura,
ganhou peso e tontura; prenuncia infarto;
se não partes não parto nem somos presentes...
Somos cais da saudade que sequer teremos
nesse mar de lembranças que o rancor polui;
já nos demos adeus e não sabemos disso...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

EXORCISMO

Demétrio Sena, Magé -. RJ

Grito em vão, porém grito, não posso perder
o poder de revolta que meus olhos bebem,
minha sã consciência desses tempos baços,
meus espaços de ação em favor da esperança...
Com a voz estridente ou silêncio profundo,
numa tela, uma pauta ou num muro baldio,
nas entranhas do mundo e nas periferias
das verdades da vida que mente pra mim...
Tenha eco, não tenha, tanto faz pro grito,
esse rito, esse culto, minha tradição,
mão na tábua que o mar não engoliu ainda...
É assim que devolvo demônios e pragas,
que desvio as adagas, confundo inimigos
e me faço de vivo pra sobreviver...

domingo, 4 de janeiro de 2015

HORIZONTE


POETITE CRÔNICA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Desde sempre me calo pra poder dizer
pelas mil entrelinhas que nas linhas ponho,
pelo sonho que filtro das minhas verdades
e me dou ao prazer do prazer e da dor...
Comecei bem cedinho a desvendar a tarde,
conhecer cada noite que atravessa o dia,
dar à hora tardia essa demão do verso,
pra que tudo pareça eternamente novo...
A revolta, o contento, as emoções diárias,
meus afetos e surtos de raiva incontida,
minha vida ensinou a conservar nas pautas...
Não me vejo não vendo com olhar profundo,
vários mundos no mundo que me faz assim,
tão à margem de mim pra viajar no tempo...

VENCEDOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Você me venceu, mas venci
os efeitos de sua vitória.
Estou inteiro e de pé.