segunda-feira, 12 de outubro de 2015

OS LADOS DA SOCIEDADE INFELIZ

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Adultinhos e criançonas me causam dó. Tenho a mesma sensação pungente quando me deparo com um velho de alma jovem ou com um jovem de alma velha. Em minha opinião, as acelerações e os retardos não da idade propriamente, mas da identidade do indivíduo, causam desarmonia profunda entre corpo e alma.
Não me refiro à inteligência natural da pessoa, nem aos desníveis patológicos de natureza biológica ou psíquica. Falo das distorções sociais comumente causadas por influências externas capazes de moldar o caráter ou a personalidade menos fundamentada. Essas influências podem vir dos pais que desejam ter filhos precoces quando crianças, para torná-los produtos bem sucedidos de mídia. Outros pais, que idiotizam filhos jovens, dando-lhes boa vida material sem qualquer limite ou responsabilidade.
Também se torna cada vez mais comum a exploração, por políticos, marcas e mídias, dos idosos que se deslumbram com a ilusão do rótulo de melhor idade que gera, com pouco investimento, milhões de votos, faturamentos milionários e altos índices de audiência. Tudo muito bom, mas não para os idosos tratados como bichinhos de pelúcia.
Vivemos em tempos cada vez mais fúteis; superficiais; voltados para o consumo sem critério; as aparências; a materialidade. Em um mundo impregnado por conceitos distorcidos de competição, vitória sobre o próximo e posses. Algum tipo de poder, não importa qual. Muito menos o critério de sua conquista.
Na maioria das vezes, tudo começa na infância precoce. Na obrigação de ser super. Vencer e vencer. Ter por ter. Subir a qualquer custo as escadarias da fama, da riqueza incontida e do poder. Alguns serão sempre subjugados com a ilusão de um dia subjugar. Outros sempre subjugarão ou passarão a fazê-lo.
De alguma forma, todos sempre serão insatisfeitos, infelizes e deprimidos. Uns, porque não podem comprar nada e ninguém. Outros, porque não podem comprar tudo e todos.

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