sexta-feira, 29 de julho de 2016

PARA VIVER UM GRANDE AMOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Com toda a liberdade que os filhos devem ter para brincar, fazer amigos, conviver com outras pessoas queridas, a presença dos pais deve ser a mais constante; a mais forte; mais significativa. Dar-se ao luxo do belo pleonasmo de ser a presença mais presente.
Filhos até se acomodam, mas não querem a liberdade extrema de quase não ver os pais. A tristonha liberdade – ou abandono - de ter em outros rostos os mais vistos. Em outras vozes as mais ouvidas. Em outros nomes, os mais chamados nas suas horas de angústias e dúvidas infantis.
O exercício da maternidade/paternidade exige tempo e presença. Contato constante. Evidentemente, o trabalho nos afasta um pouco desse contato, mas deve ser a única justificativa – não forjada – para não estarmos perto de nossos filhos. Melhor ainda, se os filhos tiverem a certeza de que um dos pais estará sempre com ele, na ausência do outro.
Todo filho, ao crescer, será muito mais feliz se tiver a lembrança de que foi educado pelos pais. Não por um monte de gente. A educação fragmentada deixa buracos irremediáveis na vida e no caráter do ser humano, e todo ser humano há de cobrar aos pais – ou a um deles - por esse buraco, e não há de ser das melhores formas de cobrança.
Exercite ao máximo sua maternidade, ou paternidade, no tempo de que dispõe, e procure dispor do máximo possível, de tempo. Pelo menos do seu tempo com os filhos. E se esses filhos têm sua guarda alternada, por questões de separação dos pais, a razão é mais forte ainda, para você aproveitar ao máximo esse tempo já dividido.

Quem se livra do filho, deixando-o constantemente aos cuidados de outros, mesmo nos casos em que dá para ficar com ele ou levá-lo em suas saídas, perde a chance de viver um grande amor. O maior amor de sua vida. A história mais bonita que poderia escrever.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

terça-feira, 26 de julho de 2016

NOSSA HISTÓRIA


Demétrio Sena, Magé - RJ.




Temos tantas histórias, que somos um livro
de poemas, de contos e reflexões,
emoções controversas, partidas e voltas,
desencontros, encontros, reeternidades...
Conhecemos as senhas de quaisquer segredos
de viver e morrer e rebrotar pra nós,
o passado e o após nos mantêm no presente
onde os medos não podem com nossa esperança...
Foram tantos os voos e tombos do alto,
tanto sonho tecido e rasgado no ar
por algum sobressalto que a vida causou...
Mas o dom de sonhar se refez nos escombros,
corações, mentes, ombros e o mesmo destino
demarcados, curtidos, inalienáveis...

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A ÓTICA DA ÉTICA


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Julgue pela evidência irrefutável,
pela força do fato contundente,
não por lente que modele o conceito
para ver ao sabor dos graus impostos...
Nem o faça por bem ou mal querer,
porque acha provável, pelo visto,
por achar que tal cristo é necessário,
pois a cruz está posta e quer alguém...
Nunca julgue o presente no passado,
pela ficha, os boletins de ocorrências,
reticências, parêntesis, lacunas...
O lugar do talvez é o por enquanto,
todo canto requer a nota exata,
será crime forjar o criminoso...

terça-feira, 19 de julho de 2016

PRA SEMPRE ATÉ NUNCA MAIS

Demétrio Sena, Magé - RJ.


A idade me tornou mais pra sempre do que nunca, nos assuntos de afetos como amizades e amores. Meu pra sempre ainda não é ao pé da letra, mas ganhou consistência. Deu leque às possibilidades de confiança, entrega e relaxamento.
Com esse progresso do meu pra sempre até que se justifique o nunca mais, ampliei os laços; as relações interpessoais. Fiquei bem menos antissocial, menos antipático, baixei bastante o nariz e suavizei os traços de suspeitas. Nem tudo nos outros é malícia; má intenção; desejo esquivo de me passar para trás ou se aproveitar do santo que, convenhamos, nunca fui.
Confesso, entretanto, que justamente por causa da inédita longanimidade do pra sempre, o meu nunca mais, este sim, se tornou pra sempre, quando vem. Ficou mais nunca mais do que nunca, porque passou a ser construído pacientemente pela eficiência do pra sempre quase pra sempre, mesmo.
Quero dizer com isto, que hoje as pessoas que me rodeiam podem abusar muito mais de mim; aprontar bastante comigo por muito mais tempo. Mas, caso cheguem ao ponto de já terem passado das medidas do meu pra sempre, além de me perderem perderão completamente a chance de reatarem comigo. 
Acho que a idade, já bem curtida em meu couro e minh´alma não terá mais tempo de fazer o meu próximo nunca mais voltar a ser pra sempre. Nunca mais será mesmo nunca mais, até que o nunca mais se confirme com o meu... nunca mais.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

BÚFALO


PAPINHO BAIANO


OBJETIVIDADE


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Julgas, erroneamente, que foste a melhor coisa que já tive. Não. Não foste. A melhor coisa que já tive foi uma bela bicicleta Monark, barra forte, com rodas de raiação dupla e pneus balão.
Entretanto, de todas as mulheres que me deram a honra de partilharem comigo suas vidas, foste a melhor. A mulher mais amada. Mais mulher. Dona dos meus sentimentos mais profundos. O grande amor de minha vida.
Mas eu bem sei que fui coisa para ti. E pelo visto não fui a melhor coisa, o melhor objeto que já possuíste. Nada que se compare, nas tuas nostalgias, à minha velha e saudosa bicicleta Monark.

domingo, 17 de julho de 2016

POVO & PODER


Demétrio Sena, Magé - RJ.
Desenho de Júlia Sena
Povo é molde. Medida. Experimento. No fundo, é qualquer coisa. De fato, povo é apenas coisa como gesso fresco e cimento que não secam, porque têm sempre que atender a novas formas. Novas fôrmas.
Serve como alicerce volátil de caprichos, ganância e fome de poder. É o sonhador de verdades que nem sonham ser suas. A eterna lua falsa sobre a noite que resvala para ser dia nos horizontes alheios.
O povo é argila. É a lama "mais que perfeita" nas manobras da conjugação imutável de vontades impostas por quem rege a quem elege quem manda; manipula. Faz do reino a sua casa.
Sempre foi deste jeito. Povo é massa de um bolo que ele nunca sabe se lhe cabe saber como será. E do qual jamais provou fatia. O povo é a pedra com que se auto apedreja... e seve de jogo do poder.

domingo, 10 de julho de 2016

CRIAÇÃO À MODA ETERNA


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Os nossos filhos pequenos merecem nosso medo real do mundo que nos cerca. Não só merecem, como precisam desse olhar extremado que não abre a guarda e vai lá no fundo. Mesmo quando não há fundo. Mergulha intempestivamente no caos das verdades farpadas do tempo em que vivemos.
Tenhamos medo por eles, para eles não o terem depois do tempo nem nos contextos equivocados que de nada valerão. Apostemos o nosso couro, quantas vezes quisermos, mas nunca suas essências, no que não é de nosso alcance. Evitemos as ausências disfarçadas; as distâncias amenizadas por presentes; as terceirizações em nome da independência precoce. O sossego prático e frio de nossa confiança nos corações externos.
Eles tanto precisam do nosso exagero, quanto sentem profundamente a falta do excesso desse amor, quando nos rendemos ao descanso de respirar sem culpa e susto... à paz da consciência adquirida por conceitos modernos de criação menos vinculada. Só no passar dos anos, os filhos percebem todo o abandono que lhes demos com belas nominatas contemporâneas embrulhadas em bonitos discursos profissionais.
Sejamos os pais de que a inocência filial precisa. Logo a vida privará os nossos filhos dessas loucuras de amor, mas essa perda tem cura. Ela virá na saudade sempre terna e risonha do que não lhes faltou no tempo em que tiveram a proteção - ou superproteção - de tantas preocupações afetivas.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

ARMA BRANCA

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Já depois de uma vida não sabes quem sou;
tens um olho em meus olhos, outro no talvez,
quando chego e me dou às tuas atenções
e não conto até três para fechar os olhos...
Vejo quanto esbanjei o meu tempo em afetos;
fui solícito, exposto e desarmei meu ser,
para ser transparente, suave, sem véu
onde os vetos do mundo faziam fumaça...
Lá se vai uma vida e não me gabaritas;
na verdade nem tiras uma nota honrada;
quase nada conheces de minhas questões...
A minh´alma; meu corpo; tudo quanto expunha
para ser o teu livro de leitura franca
se tornou arma branca e me feres de mim...