domingo, 19 de março de 2017

ESSÊNCIA, GARRAFA E ROLHA

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Tenho aqueles extremos, indesejáveis pra muitos, da confiança incondicional, desarmada, irrestrita, ou a desconfiança cega e sistemática. Da entrega ou do rapto de mim mesmo; a doação infinita ou a mais cerrada sonegação do meu todo, porque doar ou sonegar pela metade não completa os meus princípios.
Quem quiser minha essência, terá de sugá-la inteira e também acolher o frasco, pois são inerentes os meus lados. Minha cara não presta sem a coroa, e vice-versa. Sempre vou com fundo e superfície aonde quer que eu vá... e para quem quer que eu vá. Meu carinho não é diminutivo. Se não adoro, detesto, e se não atesto, jogo imediatamente fora. Nunca deixo para fazê-lo depois.
Foi assim que fui com você, que poderia ter sido assim, ou simplesmente o avesso, comigo: confiei sem escudo nem armadilha... entreguei sem freio... doei sem fim... fui essência, garrafa e rolha... tudo em um. Você não tinha o direito de se forjar e corresponder pela metade, à minha plenitude que morreu nos braços da ilusão de sua coplenitude.

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