terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

PREGANDO PARA O PREGADOR


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Experimente pregar o evangelho sem propagar as bênçãos divinas tanto na terra quanto no céu. Pare de anunciar aos prováveis futuros convertidos, que Deus fará o milagre da cura; do sucesso no trabalho e nos negócios. Da proteção contra todo e qualquer mal. Elimine de seus discursos a promessa do poder sobre quem conspira contra os verdadeiros servos de Deus.
Tente converter os desfavorecidos na terra, sem lhes dizer que as ruas do céu são de ouro e cristal. Que Deus lhes reserva mansões celestiais entre outras riquezas do além. Tire da sua pregação, todas as vantagens visíveis de servir a Deus, e só mantenha o contexto; a essência do amor; as promessas de paz espiritual, conforto e força interior para passar pelas provações que atingem a todos: cristãos; muçulmanos; budistas; umbandistas; ateus...
Ouse pregar o evangelho sem encher os olhos, e sim, o coração, além da consciência de quem ouve. Nada de riquezas aqui ou acolá. Nenhum poder sobre nada e ninguém. Nenhuma palavra que desperte ambição, soberba, e faça do convertido alguém que se julgue um ser humano superior. Jamais incite o preconceito, o separatismo e a hipocrisia. Tente, você mesmo, acreditar no evangelho sem atrativos, privilégios, vantagens e promoções.
Exercite o desejo de ver uma igreja composta por fiéis que lá estão por amor sincero, fé genuína e o desejo de servir. Mostre aos pagãos um Deus que realmente criou todas as coisas, inclusive o homem. Não esse Deus criado pelo homem conforme suas necessidades, conveniências, ambições e fome de poder.
Lamento por informar que as igrejas serão menos inchadas. Isto significa menos dízimos; menor poder de barganha com os políticos que trocam favores por votos de fiéis. Consequentemente, um salário menor para quem lidera, como será bem menor o prestígio desse líder no "caminho dos pecadores" ou na "roda dos escarnecedores" que viabilizam materialmente a existência da igreja, o que os torna essenciais em sua sobrevivência institucional.
Viva em paz com os seus fiéis, por esse amor; essa fé. Pela esperança na eternidade essencialmente espiritual. Um reino que, além da supremacia do próprio Deus em sua triunidade, não repetirá os privilégios, hierarquias, disputas e desigualdades sociais da terra. Palavras de um pagão. Pode acreditar.

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