quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

MESTRES ROBOTIZADOS


Antes de qualquer pensamento conclusivo, no tocante a uma criança ou adolescente cujo comportamento seja considerado difícil, procuremos ser imparciais. Sempre leiamos os olhos expostos dessa criança ou esse adolescente. Atentemos bem para cada vírgula, ponto e reticência, e vejamos aí, quanta inocência está perdida no desleixo dos nossos afetos "modernizados", ou de vanguarda. Não hesitemos, como educadores, em interpretar demoradamente a leitura dos olhares e silêncios que dançam na solidão de quando explodem os conhecidos paióis da rebeldia nesses prédios que se tornaram meros aquários formais do "beabá".
Vamos promover uma mudança de postura, filosofia e sentido a partir de nós, porque somos os mestres, e eles dependem do que somos ou pelo menos arrotamos ser. É necessário que nasça de nosso amor e compromisso essa nova escola com a qual nos preocupamos hoje como nomenclatura de qualificação para melhores salários. Sejamos mestres que sabem ler mais fundo; muito além daquela presença tantas vezes indesejada do menino ou menina que nehuma fada-madrinha conseguiu domar antes de remetê-la à escola.
Se assim nos propusermos, finalmente acharemos a fonte que jorra no deserto. Que está sob os valores reprimidos no dia-a-dia, pelo nosso rancor contra os empregadores ou governantes que não valorizam nossa função. Valores que são apenados pelo duro alfabeto do descaso que de fato sofremos, mas não deveríamos repassar para os educandos. Tenhamos em mente que a nossa briga, por mais justa que seja, e realmente é, não deve ser travada contra eles, que são lesionados pelo mesmo sistema que nos lesiona. E muitas vezes somos a causa principal, a representação direta dos males que assolam nossos alunos, porque fazemos parte dessa máquina. E nos tornamos máquina diante deles. 

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