quinta-feira, 29 de novembro de 2012

QUERIDO SACO DE PANCADAS


Jamais levei a melhor nas muitas brigas com o Jô. Mas não podia fugir dele, o mais velho e maior, porque ficaria muito chato, pois eu batia nos menores. Em minha opinião, isso poderia depor contra minha imagem de “brabo” dentro de casa.
Houve um tempo em que o hobby absoluto do Jô era mesmo bater em mim. Todos os dias era pelo menos um pescoção, para não perder o costume nem quebrar a rotina. Demoramos muito as nos tornar os irmãos unidos pelas afinidades literárias e musicais que me poupariam de muitas escoriações antes da ida precoce para o mundo.
Ironicamente, ao mesmo tempo ele me defendia dos meninos grandalhões nas ruas e na escola. Recordo que uma vez, ainda em Brasília, o “Bitelo” me deu uns cascudos e o Jô não teve sossego enquanto não esfregou nas costas do infeliz uma porção de pó-de-mico, e com tanta força, que o grandalhão caiu no pátio da escola, urrando em desespero. As mãos do meu irmão também ficaram esfoladas, mas ele afirmou, entre gemidos e risos, que ainda assim valeu a pena.
Na verdade, o Jô me amava. E amava tanto, que tinha ciúme de qualquer outro punho que acertasse meus dentes ou a “boca” do meu estômago... De qualquer outro pé que me desse uma rasteira ou chutasse o meu traseiro.
Por motivo de força maior; no caso, a força do Jô, eu era simplesmente uma exclusividade: Ninguém mais podia bater em mim... Só ele... O meu irmão mais velho.

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