domingo, 6 de outubro de 2013

MEU NADA SANTO CAPIM-SANTO

De santo, mesmo, esse tal de capim-santo não tem nada. É um tremendo sonso que se oculta na própria moita e na fama... digamos, sacra, quando não passa de um profano capim-limão. Mas vá lá, porque registro é registro, e na certidão de nascimento pelo menos do capim do meu quintal, está sacramentado: capim santo. Com a primeira letra minúscula, pois de fato, mato é do mato e não tem aquelas rígidas e dispensáveis formalidades de cidadania.
Vaidoso como só ele, meu nada santo capim-santo é bem metido a galã. Tem um baita orgulho daquela espécie de penacho, e às vezes mais parece um capim-galo; talvez até um capim-pavão, quando resolve mesmo se ostentar. E como se perfuma, o danado! É possível sentir de longe, principalmente quando chove ou nas manhãs de neblina, o frescor do seu perfume de puríssima sedução.
Mas o meu capim-santo – ou sonso – acaba de se dar mal. Caiu na tocaia da própria vaidade ou esperteza. Imaginem vocês, ele acaba de se apaixonar por certa menta que é pura enganação. Uma menta que certamenta, digo; certamente o fará sofrer na pele, na fibra, na folha ou no penacho todo sofrimento que ele já causou à malva, que parece malvada, mas é um doce de planta, e também à erva-doce, cuja doçura o próprio sobrenome diz.
Agora o capim-santo perderá de uma vez aquela máscara de santidade. Será um tremendo capim-limão bem ácido e corrosivo, tão logo descubra que a sua menta mente. Que a sua mente se deixou levar pelas mentiras da menta metida. Tão metida quanto ele, além de mentirosa, pois é somente uma menta com falsa voz de lã... que mente que nem sente, quando se diz hortelã.

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