terça-feira, 29 de julho de 2014

UM AMIGO IMORTAL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

O Nivaldino também surgiu em minha vida naqueles meus tempos de adolescente maltrapilho e sem rumo. Já um homem na meia idade, líder religioso e biólogo do exército, ele foi uma daquelas poucas pessoas que me surpreenderam (e encantaram), apenas por me tratar como gente. Mais do que isso, por demonstrar o respeito, a confiança e admiração que a sociedade só tem pelos "campeões sociais". 
Foram muitas as vezes em que o Nivaldino me levou a sua casa, onde fui recebido com carinho, para termos longas conversas que não poucas vezes atravessaram a noite. Conversas de igual para igual, entre o menino e o homem, como se ambos fossem homens... ou ambos fossem meninos. Nivaldino dava e pedia opiniões. Ensinava e se permitia aprender comigo, o que até hoje não sei. Ele sempre soube circular entre a sua faixa etária e a minha, sem nenhum tropeço, e não precisava se esmerar. Fazia isso com naturalidade; não era desempenho nem terapia.
Aprendi com o Nivaldino, a demonstrar admiração pelo próximo a partir do avesso. Dos valores essenciais; invisíveis. Guardados nas "embalagens" notórias e notáveis ou escondidos nas aparências inesperadas para os conceitos comuns. Ele garimpou minha autoestima, sem ser pai nem amigo superior. Misturou-me com a sua família (a esposa Margaria e os filhos, que nunca estabeleceram fronteiras) e não foi piedade; foi amizade; foi amor. Esse amor ao próximo, cada vez mais distante nas pessoas que se distanciam de pessoas, porque se apegam demais a ícones, ídolos e legendas.
Falo do Nivaldino em tempo passado, mas o passado voltou, recentemente. Depois de muitos anos o reencontro, via rede social, e já fizemos alguns planos de nos revermos entre a correria de um presente que nos aprisiona em compromissos e novas realidades. Não faz mal. "Curtir" a sua existência pela janelinha de um computador me auxilia na espera do dia de abraçá-lo e matar, impiedosamente, as saudades desse grande amigo.

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