quarta-feira, 24 de agosto de 2016

PARA SER GENTE

Por gentileza; seja menos gentil. Bem menos amável; mais real. Reassuma sem medo e constrangimento, aquele semblante pretensioso de todos os dias. Devolva para os seus traços, o antipático tom habitual. Não exceda no brilho dessa retina que ora sofre com saudades da sombra daquele olhar de maldade ostensiva. De malícia franca.
Pode ser que passe por sua mente a ideia de que o seu momento me faça esquecer o todo. Sei ver através dessa cortina e desvendar a pessoa teatral que se apresenta no palco da ganância de abocanhar o poder. Guarde o seu manequim de gente fina e me poupe. Não aplaudirei o desempenho desse olhar sob a máscara da velha ocasião.
Simpatias de pleitos eleitorais não me alcançam. Sua música desafina em meu crédito e falha na dança dos meus sonhos de um tempo novo. Neste momento seu rosto é uma bela foto, e ao mesmo tempo, a foto não representa o seu rosto. Soa muito forjada, e quem sabe olhar mais fundo reconhece a farsa... por mais força que a farsa faça para se manter.
Corra o risco de ser autêntico. Mostre a cara de carne. Não a de pau. Tire a fantasia e faça o que sempre fez, ou não fez. Tenha um pouco de brio, mesmo sob o risco de perder muitos votos. Quem sabe assim você aprende a ser gente, para merecer o título de "gente como a gente". Você vai descobrir que ser gente é melhor do que ser político...
... pelo menos um político feito você.

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