terça-feira, 22 de março de 2016

O AMOR COMO PROTESTO

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Hoje posso entender, perfeitamente, os que só falam de amor. Cantam, versam, conversam, decantam e vivem toda a entrega dos que amam em forma de arte. Rendo minhas homenagens ao essencialmente romântico, ao brega e ao derretido que parecem não ver o mundo em todas as suas vertentes vivenciais... e ainda se dão ao luxo de serem livres da repressão econômica.
Eles rompem com tudo, se alienam, e mora nisto a não alienação. É assim que fazem o grande protesto sociopolítico. Não há nos poderes constituídos quem os governe ou represente. Mais ainda, eles matam de raiva os intelectuais, os militantes fanáticos ou neuróticos, amantes ou desafetos do governo. Ninguém consegue mentir para suas esperanças em verdades além das emoções.
Os que vivem de amor têm seus castelos, e não apenas de sonhos, ilusões e sentimentos. Também são de alvenaria, luxo e ostentação. Eles têm o poder, porque arrastam corações e perdem noção da própria força. São amados mesmo sem pedir votos, enriquecem sem roubar e não mentem pro povo, pois não precisam; sua verdade casa com a mais profunda verdade que nos habita. 
Politicamente corretos em tempos de rebeldia enganosa, distorcida, os artistas do amor são a direita honesta e transparente, além de representar a todos... até os que fingem detestar o derretimento em versos, notas musicais, cores e outras formas de arte. O poder público e seus pingentes nunca entenderão o amor que seduz sem fazer promessa enganosa nem pagar propina.

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