domingo, 2 de julho de 2023

MINI-TRATADO SOBRE FAMÍLIA

Demétrio Sena - Magé

Afetos familiares não podem viver apenas de responsabilidades mútuas, obrigações religiosas, sociais, reuniões comemorativas ou simples consideração. Não vejo amor entre afetos que só interagem o necessário, só se atendem ou se socorrem mutuamente... são afetos apenas nas urgências e comemorações formais, como se prestassem contas pseudo afetivas nas oportunidades de mostrarem que ainda estão por aí. Faltam nas famílias aquela futilidade sadia, o jogar conversa fora, o falar alto e dar gargalhadas, as brigas banais não eternizadas pelo rancor dos egos... o bom humor e a descontração de quando todos se veem com os mesmos olhos de admiração que não mede quem sabe mais ou ocupa os melhores patamares.
As famílias perderam a espontaneidade, quando começaram a não mais querer incomodar nem ser incomodadas... e a marcar dia e hora, porque ninguém pode sofrer surpresas ao visitar nem ser importunado em maus momentos, ao ser visitado. Dessa forma, viraram entidades formais, as casas montaram recepções, os lares anunciam currículo para ingresso e as festas, sempre "americanas", são inacessíveis ou constrangedoras para os mais humildes. O afeto entre afetos ficou muito exigente, preconceituoso e separatista. "Ninguém é perfeito", mas o outro tem que ser. Nestes tempos, famílias pedem declarações de renda, ideologia política, escolaridade, conduta, religião... e destratam os "peixes fora d'água".
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#respeiteautorias Isso é lei

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