terça-feira, 7 de maio de 2013

VIRA, VIRA, E VIROU

Samara não estava em seu melhor dia. Pior para Catarina, que teve de suportar um desabafo enfadonho, e para não deixá-la mais furiosa do que já estava, fingir que o assunto lhe convinha.
- Pois é, Catarina; eu não aguentava mais ficar calada! Estava pelo pescoço com a Marta, e naquele dia não fiz por menos: virei pra ela e disse tudo o que estava preso; desabei.
- E o que foi que ela fez? Ficou calada?
- É claro que não. Virou pra mim e falou que eu era injusta; que as coisas não foram bem assim; tentou se justificar.
- E você não aceitou a justificativa, o argumento dela?
- Mas não aceitei mesmo! Virei e disse que nada justificava o que ela fez!
- A Marta se deu por satisfeita?
- Que nada! Virou, com a maior cara-de-pau, e respondeu que teve seus motivos, mas que mesmo assim pedia desculpas, para não perder minha amizade.
- E você não desculpou? Pelo menos ela foi humilde!
- Eu, não! Virei e fui categórica: não desculpava nem reconhecia seus motivos. Chamei-a de cínica!
- Pegou pesado, Samara... ficou por isso mesmo?
- Aí ela reagiu. Virou e gritou que a cínica era eu... que agora já não fazia questão de me convencer, e ainda por cima, virou e me chamou de patricinha mimada... vê se pode?
- Já vi que não prestou... - disse Catarina, só por dizer, pensando em como sair daquela conversa.
- E não prestou mesmo! Virei, sem meias palavras, e a xinguei de tudo que me veio à cabeça!
Catarina já estava cheia daquela conversa; em especial, da repetição completamente desnecessária... mas graças à repetição, encontrou uma forma brincalhona de sair, sem ofender nem irritar muito... só um poquinho...
- E aí; o que aconteceu? Não; nem precisa dizer; eu até já sei!
- Áh é, Rubenita? Sabe mesmo? Então fale; quero ver se você acerta!
- Vocês viraram tanto, nessa discussão, que nem aguentaram se pegar... ficaram enjoadas e acabaram vomitando juntas.
- Quer saber de uma coisa? Vai te catar, Catarina!
Decepcionada, mesmo sem muita revolta, Samara "virou" e foi embora... sem nem virar para trás.

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