sexta-feira, 21 de junho de 2013

DECISÃO DE VIVER

Com seus quase ou pouco mais de setenta anos de idade, o seu Gerson não sossega. Aposentado faz tempo, resolveu trabalhar como pedreiro por sua conta e risco. Na mesma localidade o seu Hélio, também aposentado há muitos anos, decidiu capinar os quintais das redondezas. Inclusive o meu quintal. Não chamo outra pessoa senão o seu Hélio, para dar o tratamento especial que só ele sabe, no meu pedaço de terra. Da mesma forma, o seu Gerson é o meu pedreiro. Neste caso, mais porque aprecio a companhia do que propriamente pela qualidade profissional do seu serviço. Não há nenhuma lambança do seu Gerson que não seja compensada por sua simpatia, uma enorme disposição física, suas gargalhadas sonoras e os causos que me conta.
Em ambos os casos, minha maior alegria é ver grande o prazer e a desenvoltura com que meus vizinhos trabalham tanto, mesmo sem grande necessidade. Já criaram seus filhos, moram em boas casas, têm boas aposentadorias, mas não querem transformar a velhice na espera convencional da morte. Ambos resolveram que ainda estão vivos, e que ter uma ocupação rentável neste momento de suas vidas é o elixir da vontade de viver. Trabalharam anos a fio porque precisavam, mas agora são livres... trabalham porque desejam, porque lhes dá prazer, e porque o trabalho é a grande brincadeira desses dois homens que o bairro inteiro admira.

Um comentário:

  1. Quando se vive vivendo a vida está sempre em movimento, quando se é um morto vivo, tudo é dificuldade e ainda consegue atravancar a vida dos outros.
    Beijos
    Joelma

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