terça-feira, 25 de março de 2014

O REEENCONTRO

Demétrio Sena, Magé

Só preciso ajeitar algumas coisas em minha vida por aqui. Conquistar uns perdões mundo afora, dar algumas alegrias e perdoar a mim mesmo por quem sempre fui ao longo dos anos. Só assim poderei dar às horas tardias um contento verdadeiro. Autenticado e com firma reconhecida.
Quero ter tempo de achar as minhas perdas mais significativas e recompor meu ser, pedaço a pedaço. Ao chegar o dia da minha noite, preciso partir inteiro. Não quero que ninguém herde os meus cacos e termine por se ferir de mim.
Tenho bem pouco a fazer, serão poucos anos, e prometo não insistir depois disso. Não tentar enfiar o pé na vida extra nem fazer pirraça para ficar em um mundo que será passado em meu futuro. Será presente de grego numa carcaça carcomida pelos cupins dos anos.
Minhas crias ainda estão bem verdes... ainda precisam dos meus cuidados e palpites. Têm os próprios pés, mas de alguma forma caminham sobre os meus e dão sentido aos dias que me restam. Fazem tudo valer a pena.
Ainda hei sofrer algumas perdas, alguns danos, ter também alguns lucros. Na soma total do que me resta festejo em paz e silêncio, a expectativa do reencontro que vislumbro. Só mais um pouquinho, mãe... guarde bem o seu ventre para me reparir. 

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