terça-feira, 4 de março de 2014

POESIA COM POESIA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Qualquer poema me atrai, se o seu teor me toca profundamente, com as linhas singelas da sinceridade. Sei apreciar versos brancos ou rimados; livres ou medidos; comedidos, rasgados ou fluentes. Eles precisam tão somente ser bem construídos e ter sabor autêntico de poesia.
Sempre tive prazer nos poemas vindos do ventre. Paridos antes do tempo, na hora exata ou depois da hora. Desta ou daquela forma, os poemas têm que ser naturais. Não podem nascer de cesariana, porque isso inclui ferramentas, parafernálias, recursos artificiais. Esses recursos, que incluem   mergulhos doentios nos dicionários, para fins de rebuscamento que substituam a inspiração, só danificam. Geram poemas bizarros; retorcidos; Frankensteins literários, sem estrutura confortável.
Excluindo essas cirurgias, composições forçadas mutantes do poema, sempre amei os versos ditos perfeitos pelos puristas das letras... mas também os versos mancos; de pés quebrados; coxos. Admiro a poesia exata (porém fluente, natural) do poeta "roxo", e também a volátil, descomprometida e marginal do poeta cigano, que despreza regras; réguas; retas; gráficos; leis.
Qualquer poema me atrai, quando não me trai. Quando não se revela poema para depois se mostrar uma farsa travestida como poema... equação rimada... raiz quadrada literária. Comoção teatral, poesia desidratada ou apenas a louvação mecânica da estética. 

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