quarta-feira, 19 de agosto de 2015

BRIGAS TERCEIRIZADAS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Comprar as brigas alheias que se repetem à nossa volta pode sair bem caro quando não temos critério, senso crítico e de responsabilidade. Na maioria das vezes, os constantes embates nos ambientes laborais, religiosos e familiares obedecem a interesses ou conveniências fúteis que logo serão resolvidos, depois causarão novos embates - que voltarão a se resolver - e assim por diante. 
A depender de nosso temperamento ou personalidade, faremos inimigos definitivos que nunca deixarão de ser amigos entre si, e pode ser que futuramente se unam para nos condenar por termos “exagerado na reação”. O maior problema é que ao comprarmos uma briga ela se torna bem mais feia entre nós e a parte contra a qual investimos em nome daquela da qual tomamos as dores. Se já é bastante complicado explicar a situação, imagine como será na prática. 
Evidentemente, não há como ficarmos apáticos e imparciais quando presenciamos cenas de absoluta; indiscutível covardia. Se alguém agride fisicamente ou dirige ofensas de fato graves a uma pessoa em plena desvantagem física, psicológica, social ou de gênero, teremos que nos envolver, prestar socorro, fazer o possível, mesmo se soubermos que dias ou horas depois algoz e vítima estarão “de bem”, sendo que ambos “de mal” conosco.
Isso me faz lembrar os tempos de menino e minhas decisões de apartar algumas brigas entre colegas de escola ou rua, geralmente por causa de pipa, bola de gude ou pião. Eu sempre levava um soco do agressor, também o agredia, enquanto a vítima inicial assistia a tudo. Resultado: em pouco tempo eles negociavam, faziam as pazes e não eram mais meus colegas, por eu ser “intrometido e rancoroso”.
Passa o tempo; vem a maturidade. Mas o ser humano preserva em qualquer faixa etária e com outras capas ou nominatas, para disfarçar a futilidade, as velhas questões de pipa, bola de gude ou pião.

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