quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CARÊNCIA DE VOCÊ

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Estava carente. Muito carente de carinho. Não de qualquer carinho, mas do seu. Queria muito voltar a ser alvo desses olhos e atrair seus cuidados mais intensos; mais extensos; mais descuidados. Desfrutar de seu colo e cafuné. Sua voz miúda, emocionada, e seu silêncio capaz de me dizer o que mais quero escutar.
Só queria mesmo aquilo. Só aquilo tudo. Sentir que o tempo não apagou nosso afeto inexplicável. Não esmaeceu a intensidade; a força mágica do que nos faz tão próximos, ainda que distantes. Precisava muito pedir um tempo à distância física, para tê-la de novo mais que perto; mais que presente; pretérito mais que perfeito.
Por isso fiz armadilha. Não pra você cair, mas entrar lentamente. Conscientemente. Sem nenhum risco de se ferir; se culpar; macular seus princípios. Violar conceitos e produzir entulhos; cargas; pesos futuros. Não posso nem quero causar isso, em nome da magia que nos faz tão nossos; tão livremente nossos. 
Estava carente de você. De tudo isso que você traz, quando se traz até meu mundo. Quando filtra o tempo; a distância; vence a vida e seus afazeres. Queria muito essas horas de querer que o tempo morra. E sonhava ensinar, como nunca fizera, os caminhos do meu corpo às suas mãos não de amiga, mas de fada, que é simplesmente, ou não tão simples assim... o que você é pra mim.

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