quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A HERANÇA DE NOSSAS IRMÃS

Indagado pela Branca, sobre quando iria em sua casa, respondi que no dia seguinte, mas com uma condição: que ela fizesse um frango frito ou uma carne assada exatamente como nossa mãe fazia. Condição aceita, pouco depois de alguma oscilação, quando eu disse que aceitaria sua tentativa, mesmo que não fosse tão bem sucedida.
Não muito antes desse desafio que fiz à Branca, fiz o mesmo com a Carminha, dizendo que só iria em sua casa se ela fizesse uma broa, também à moda nossa mãe. A Carminha topou e deu certo. Na verdade, quase certo, mas o seu carinho cuidou do resto e com bastante sucesso. O mesmo sucesso com que a Nete já fez, especialmente para mim, aquela jardineira que nossa mãe não fazia muito, mas quando fazia, não durava na panela.
É claro que tais desafios ou condições para visitar minhas irmãs não passam de uma brincadeira. Elas sabem que não consigo ficar longo tempo sem vê-las e aos meus irmãos. Também é claro que quando me refiro às comidas gostosas de nossa mãe, falo dos anos posteriores ao tempo em que praticamente não tínhamos comida; muito menos o que escolher para o almoço ou jantar.
Brincadeira ou não, carinhosamente nossas irmãs levam a sério. Preparar sempre que podem, as comidas que nossa mãe fazia, é uma forma de se sentirem um pouco mães dos seis marmanjos mimados que elas acabaram herdando quando nossa mãe se foi, sem falar dos sobrinhos que fazem parte do pacote.
Cada uma do seu jeito peculiar, nossas irmãs cuidam de nós. Elas têm uma preocupação ativa, uma paciência de mãe, às vezes uma impaciência também de mãe, tudo reflexo do amor que sabemos e sentimos que sentem por nós. Elas também sabem que os seus irmãos, algumas vezes turrões; teimosos; umas vezes desligados e negligentes, e outras tantas ingratos, exatamente como filhos, têm por elas amor, cuidado e gratidão.
No fim das contas, além de serem nossas irmãs, elas são o que temos de mais próximo da mãe que todos nós tivemos.

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