segunda-feira, 29 de agosto de 2016

AMOR IMPRÓPRIO


SEU SEM QUERER

MERCADO VITAL


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Tenha tudo a seu tempo. Sempre na hora exata. Para tanto, seja muito criterioso na observação do tempo e no seu projeto pessoal. Na construção do sonho e do projeto. Tenha em mente que não se bebe uma vida em um trago intempestivo. Quem não edifica um passado não terá futuro, pois o tempo não é de se dar de presente.
Só herdamos do mundo as conquistas incontestes. A realização confiável surge quando caminhamos decididamente, mas com todas as etapas em dia, rumo ao fim desenhado no início. Isto só acontece ao passarmos nos testes de sonhar a prazo, sem aquele vício de crer que se vive num ato. Em um mergulho. Um salto no vácuo.
O que só se conclui com critério e processo, ninguém terá no atacado, mesmo que tente pagar à vista. Realizações sólidas têm acesso restrito a quem vai passo a passo, pois só se vive a varejo. Ao alcance da mão. Cada resposta do mundo é um trago adequado à verdade cabível para o momento. Viver é construir. Momento é matéria prima.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

PARA SER GENTE

Por gentileza; seja menos gentil. Bem menos amável; mais real. Reassuma sem medo e constrangimento, aquele semblante pretensioso de todos os dias. Devolva para os seus traços, o antipático tom habitual. Não exceda no brilho dessa retina que ora sofre com saudades da sombra daquele olhar de maldade ostensiva. De malícia franca.
Pode ser que passe por sua mente a ideia de que o seu momento me faça esquecer o todo. Sei ver através dessa cortina e desvendar a pessoa teatral que se apresenta no palco da ganância de abocanhar o poder. Guarde o seu manequim de gente fina e me poupe. Não aplaudirei o desempenho desse olhar sob a máscara da velha ocasião.
Simpatias de pleitos eleitorais não me alcançam. Sua música desafina em meu crédito e falha na dança dos meus sonhos de um tempo novo. Neste momento seu rosto é uma bela foto, e ao mesmo tempo, a foto não representa o seu rosto. Soa muito forjada, e quem sabe olhar mais fundo reconhece a farsa... por mais força que a farsa faça para se manter.
Corra o risco de ser autêntico. Mostre a cara de carne. Não a de pau. Tire a fantasia e faça o que sempre fez, ou não fez. Tenha um pouco de brio, mesmo sob o risco de perder muitos votos. Quem sabe assim você aprende a ser gente, para merecer o título de "gente como a gente". Você vai descobrir que ser gente é melhor do que ser político...
... pelo menos um político feito você.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

A BOLHA


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Tive muitas saudades de passados,
isso é bom porque tive meus presentes,
minha história, meus entes, umas vidas
numa vida que até valeu a pena...
Chego ao ponto em que chega de lembrar,
pois o mundo comeu as próprias tripas,
ficou oco em redor dos meus sentidos,
feito pipa que há muito está sem vinho...
Houve um rio de límpida esperança,
uma doce criança envelhecida
numa bolha de simples boa fé...
Hoje tenho saudades de saudades,
cada vez que me lembro do futuro
das verdades que o sonho não manteve...

REERROS


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não há erros mais graves 

- e imperdoáveis - 

do que os reincidentes.

O PODER DO SILÊNCIO


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Somos exímios em aproveitar nossas muitas oportunidades de abrir o verbo. 

Só não aprendemos, nem com todas as pancadas do mundo, a reconhecer e aproveitar as raras oportunidades que temos de calar e ouvir.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

NADA


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Muitas vezes ensaio reaver teus olhos,
uma breve atenção que sinalize um sim,
que me chame do fim para novo começo
e me deixe feliz por pensar que já sou...
Logo acordo e me vejo tão fora do sonho,
tão real no vazio, tão corpo sem alma,
ponho todas as forças num sono forjado
pra dormir pro que sinto e me livrar de mim...
Nada salva esta nau à deriva no ermo
de qualquer esperança, de alguma utopia
menos vaga e vazia dentro do meu ser...
Se remar é preciso não é neste caso;
tenho rumo impreciso na fuga traçada
que me leva pra nada em busca de ninguém...

O AMOR E O EGO


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Ninguém ama o bastante para libertar;
pra dizer vá em paz, viva bem e feliz;
despertar e saber que o seu sonho acabou,
mas o alvo do sonho encontrou a si mesmo...
Não existe um amor solidário a tal ponto
que deseje outro amor a quem hoje o renega,
tenha tão pronta entrega na hora do adeus
ou entenda que havia de ser mesmo assim...
Só será visceral se não for esse amor
de quem julga encontrar a razão de viver
em um ser que surgiu numa estrada qualquer...
Eu te amo presente, ao alcance da mão
e te quero pra mim, não pro mundo lá fora
ou pra outra emoção que não seja ser minha...

A FORÇA DA FARSA


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Foram anos e anos do que jamais foi
para quem desenhei na quimera tão minha,
tão acima do quanto poderia ser
a não ser pra quem perde a noção e o bom senso...
Foi assim que te amei numa espera infinita,
fiz de conta e me fiz acreditar no conto,
fiquei pronto pra quando chegasse o momento
esperado por nós; na verdade, por mim...
Você foi essa força que tirei da farsa,
uma praça de sonhos que plantei sozinho
pra perder o meu tempo e não me ver passar...
Fui a sua certeza de alguém por aí,
caso fosse preciso ancorar em um cais;
nada mais do que algo pra ser menos um...

terça-feira, 16 de agosto de 2016

LOUCURA DE AMOR


Demétrio Sena, Magé - RJ.

A razão do que sinto esvaiu no sentir;
sentimento e sentido não são paralelos;
não existe a corrente que os una de fato
como elos que o tempo não apartará...
O amor e o bom senso disputam espaço
e se matam no auge das contradições,
corações e cabeças empunham espadas
de combates eternos no campo afetivo...
Ambos vencem ou perdem, amor só empata,
venho aqui me render à tua rendição
ou à bala de prata que nos vencerá...
Essa coisa de amar vai das trevas à luz;
faço jus à loucura mais lúcida e sã;
curo tal bem querer ou adoeço a cura...

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

SONHANDO ERRAR


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Gostaria de achar em um gesto que faças,
em um traço espontâneo, talvez um sinal,
a certeza do equívoco em minhas fumaças;
reticências que dei como ponto final...

Ficaria feliz por saber que o meu mal
foi olhar para o pano e vislumbrar as traças,
ver além do cenário, da vida normal,
me deixar iludir por minhas vistas baças...

É meu sonho acordar, descobrir como errei,
me render ao remorso, aceitar tua lei,
pra cumprir minha pena; pagar por meu erro...

Entretanto ao te olhar só refaço a certeza
desses traços rochosos de funda frieza;
um olhar encravado num rosto de ferro...

EMOÇÃO RECICLÁVEL


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Apostei noutro afeto sem cisco e poeira;
sem estética, selo, padrão nem carimbo;
numa feira de sonhos e tons em comum,
nossos olhos expostos às exposições...
Foste o filme perfeito que assisti sozinho
sob traços da tela de um rosto forjado,
li em teu pergaminho falsos mandamentos
nos quais era pecado ver pecado em tudo...
Pela tua verdade que mentiu pra mim,
fui ao fim dos meus nãos e me lancei em ti
feito rio que pousa no colo do mar...
Eras cópia de alguém que se fez na ilusão
desta velha carência que permuta os alvos,
quando minha emoção envelhece outra vez...

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A CÔMODA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Fecho a porta que fica e vou pro mundo,
sou expulso por seu silêncio aos gritos,
caio fundo no abismo do futuro
que dispensa o passado e me convoca...
Abro a vista e dou olhos pra minh´alma,
fujo dessa presença sempre ausente,
sopro a palma da mão que suplicava;
faço a pluma procurar um destino...
Você nunca me achou em seus guardados,
me deixou na gaveta mais secreta,
onda a meta não pode ser morfose...
Rompo a cômoda e fria solidão,
pois me canso de ser arquivo morto;
cais do porto de sua segurança...

ASSOMBRADA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Tanto fez desse tom de não dar caso
aos meus mimos e minhas atenções,
às versões deste afeto multifaces,
que depois me rendi pelo cansaço...
Seu olhar sempre foi uma geleira,
sua voz de gravação bem polida,
secretária de feira de automóveis,
cuja vida está lá nas latarias...
Você tanto se fez de tão acima,
que ficou tão acima de si própria
e caiu neste meu lugar comum...
Sou apenas mais um que despovoa
seu castelo sem flores, atrativos,
onde os vivos não têm como ficar...

PESSOAS IRREAIS

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Por absoluta soberba, determinadas pessoas decidem se tornar super seres aos olhos em redor. Vestem suas imagens de criaturas fantásticas que protagonizam em todas cenas do cotidiano de suas vidas. Nunca estão abaixo, atrás, muito menos ao lado. Sabem mais do que todo o mundo, são mais solidárias do que todo o mundo, até sofrem mais do que todo o mundo, e suportam como ninguém as dores, as perseguições que imaginam e o peso de serem especiais, como julgam ser.
Frequentam seus repertórios verbais, aquelas máximas como: "se não fosse eu..."; "se eu não estivesse lá..."; "ainda bem que cheguei..."; "graças a mim..."; "faço tudo sozinho..."; "tudo nas minhas costas...". Eu. Eu. Eu. Essas pessoas têm tanto eu, que seus eus nunca dão em nós. Dão, sim, nós bem cegos, que só admitem laços hierárquicos nos quais elas ocupem o topo da hierarquia... ora como heróis, fortes e determinados, ora como mártires incompreendidos que merecem beatificação.
No fundo, lá no fundo do poço, essas pessoas não têm nada, por mais que tenham. Não têm ninguém, por mais pessoas que as rodeiem. E aqueles que as rodeiam, são também transformados em personagens. Quem não é vilão, é coadjuvante ou faz figuração. Outros são meras paisagens nos folhetins desses que jamais terão vida real. Serão sempre Mitos. Ícones da humanidade que se resume ao mundinho cada vez menor formado pelos que ainda se iludem com eles ou só não querem desiludi-los.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A SOLIDÃO DIVINA


Demétrio Sena, Magé - RJ.

Se Deus é alguém, ao invés de algo, imagino que seja um ser solitário e deprimido, mesmo com sua soberania. Creio até que precise de comprimidos para dormir e sonhar que tem amigos; colegas; turma. Sonhar que também é criatura; não Criador, Dono de tudo, Senhor de servos, o Rei dos reis, inalcançável para relações de contato.
Esse Deus dos pregões humanos deve ser bipolar. Deve brincar de dois. Talvez seja o próprio diabo, em um dos pólos, para interagir consigo mesmo como inimigo; alguém a quem valha combater para passar o tempo eterno de sua solidão. Uma vez chegou a inventar que tinha esposa mortal, filho metade humano, para ter pelo menos uma ideia do que significa ter uma família.
Mas Deus errou no aconchego. Na distância. Na medida e no contexto de afeto, presença e proteção. Superproteção, até, como em toda família existe. Sua tentativa terminou em tragédia, e com isso Ele achou por bem contornar. Deu à tragédia o contexto hábil de plano divino, para se salvar pela salvação da humanidade.
Deus continua solitário; afinal, Deus é Deus e não pode ser feliz com seus engenhos carnais. Criador não tem pai, mãe, cônjuge, filho. Não tem quem o ame apesar dos defeitos, pois nem defeitos tem. Só há quem o sirva e louve, não por sentimento, e sim, por gratidão e temor do inferno. Pelas bênçãos, os privilégios e a esperança em um futuro reino soberbo, milionário, luxuoso e ostentador. Tudo o que não combina com reino espiritual.