quinta-feira, 20 de maio de 2021

SOLIDÃO DE JORGE


Demétrio Sena - Magé 


Vejo a hora de Jorge me olhar invocado,

pôr a mão na cintura, sem largar a lança, 

pra mandar um recado; mas por ele mesmo,

que me faça deixá-lo na paz do tormento..

Seu dragão esperando pra voltar à luta

na qual perde pra Jorge porque tem que ser,

me chamar entre chamas, de filho da santa

ou me ver como chance de vencer alguém...

É ciúme da lua que namoro tanto,

entre fotos e versos que faço pra ela

e me planto nas noites, em contemplação...

Jorge teme perder as atenções lunares

ao seu falso combate que o mantém herói,

porque dói ser sozinho como sempre foi...

sábado, 1 de maio de 2021

SOBRE AMOR E PALAVRAS


 

RELIGIÕES QUE NÃO RELIGAM

Demétrio Sena - Magé 

Odiar, seja lá quem for, especialmente por não ser igual, não religa o ser humano ao possível Deus. Ter qualquer tipo de preconceito, igualmente não. Julgar-se perfeito e só amar a quem facilita ou recompensa o seu amor é antirreligação. Querer na terra, o domínio de todos os que vão para o suposto céu/suposto inferno, jamais teria como religar.

Privatizar o possível Deus para si ou seu grupo, não religa mesmo, e desqualificar outras religiões como tais, nada feito... não religa, não religa e não religa! Da mesma forma, cobrar dízimos de quem nem sempre tem o que comer, ao invés de religar, desliga.  Isso é enriquecer empobrecendo ainda mais quem já é pobre. Ostentação não religa. Vaidade religiosa é contraditória e... desliga! Desejar o mal dos outros religiosos ou não religiosos é tão antirreligioso, que desliga e não há mais emenda. Ser o próprio super religioso e usar seu fanatismo para diminuir o próximo e promover guetos com a própria elitização é totalmente contra o ato ou processo de religar.

Ser belicoso, desejar ter armas para praticar o dente-por-dente, olho-por-olho e fazer suposta justiça com as próprias mãos, de que forma religaria? Condenar os direitos humanos para quem precisa e querer surrupiá-lo para quem já tem todos os direitos, incluindo a si mesmo, ainda que por suposto mérito, é agir como fariseu... nunquinha religaria. Inchar a religião com política partidária, grudar-se aos poderes terrenos - ou ainda pior, tornar-se um poder terreno para criar e expandir o seu próprio reino aqui mesmo, fere toda e qualquer prerrogativa de religação... pelo menos com "Ele".

Inventar ou veicular mentiras esquentadas/requentadas para fortalecer corporativismos dogmáticos, classistas, sociais ou políticos é desligar os tubos e deixar morrer a religiosidade. Substituir - inapelavelmente movido por ganância, protagonismo, fome de poder ou vaidade - a pessoa de Jesus Cristo (que as ditas religiões cristãs dizem ser a ponte, a religação com Deus) por um político sujo, corrupto, raivoso, mentiroso, manipulador, tirano e genocida é  a desligação sumária! Religião não presta, se não religa... e não religa, praticando gestos antirreligação e anti-luz.

Aqui vai o conselho de um profano incorrigível, que torce pelas verdadeiras religiões: repense o quanto antes, nas atitudes diárias, a sua religião... ou adote ao pé-da-letra, o discurso de muitos grupos que já admitem, tentando mentir para seduzir, mas dizendo inconscientemente a verdade: " Nós não somos uma religião; somos uma filosofia que...".