quinta-feira, 5 de novembro de 2020

SÓ UM SONHO

 Demétrio Sena - Magé


Sonhei que me recasava... e foi um sonho que me fez sonhar. A juíza de paz, uma mulher muito simples (e de muito juízo), dizia em tom doce, carinhoso, mas também firme: Amem todos os dias... na pouca vergonha e no carinho... no descaramento e na leveza... no sexo intenso, na permissividade ou pura safadeza, mas também na candura dos olhares... no companheirismo...


...E permaneçam juntos, talvez até que a morte ou o esfriamento os separe, mas nunca uma traição... e entendam por traição, qualquer ato sob sete chaves... qualquer mentira, de ordem sexual ou não... qualquer gesto que faça o outro sofrer por desprezo e por desencanto. Com esse respeito, não importa o tempo, esse amor será eterno, ao melhor estilo Vinícius... "enquanto dure"... mesmo quando já não endureça... desse jeito, poderá mesmo durar para sempre...


... E se ambos de fato envelhecerem juntos, ao lhes minar a potência física (não sexual, mas física) esqueçam aquele ponto específico de prazer... e aprendam a gozar sem jatos... na calma e no silêncio das horas, no abraço e na conchinha longa, enquanto se regozijam com revivências... lembranças de outrora...


... E assim, vocês perceberão que ambos são um planeta cheio de zonas erógenas não obrigatórias. Que seus corpos viraram almas físicas e se fundiram sem acertos, negociações ou exigências... que ambos continuam ambos, pelo respeito mútuo às individualidades, e mesmo assim se fundiram, por tanto amor, tanta confiança, troca e liberdade.


Foi apenas um sonho... um sonho que tive ou não, mas que me levou a sonhar... ou pelo menos um sonho que sonhei ter sonhado... e quis dormir... e sonhei que dormia, para sonhar que sonhava. 

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Respeite autorias. Isso é lei.