sábado, 20 de março de 2021

MATRIOTA

Demétrio Sena - Magé 

Até na forma de se referir a uma nação o mundo é machista, quando prefere a palavra pátria. Temos nação, terra, torrão, país e ainda o nome do país, para dizermos... ou podemos dizer mátria. Embora pátria também signifique nação, país em que se nasce, a preferência pela palavra é de cunho machista e patriarcal. Existe uma relação etimológica entre as palavras pátria e pai... ou pater; padre. Se comumente chamamos um país, terra ou torrão de pátria, por que nunca o chamamos também de mátria, cuja etimologia remete a mátria ou mãe?

Os termos femininos para o berço geográfico em que nascemos são bem mais adequados do que os masculinos. É o chão do qual brotamos. É a terra que nos pariu... a barriga na qual fomos gestados e viemos à luz. Mas a humanidade machista, patriarcal, não abre mão de priorizar pátria, como masculino de mátria, sempre utilizando entonações graves que remetem ao vigor físico, à valentia masculina e às guerras, até hoje conhecidas como para homens.

Os hinos cívicos exaltam frequentemente a virilidade, as virtudes masculinas. As igrejas evangélicas, machistas até às vísceras, têm hinos sacros como Minha Pátria Para Cristo, por exemplo, que diz: "Salve Deus a minha patria, minha pátria varonil!...". Pátria varonil; por que não pode ser mátria feminil? Porque isso empoderaria as mulheres, que geralmente só lideram mulheres, enquanto os homens lideram o conjunto e apontam as mulheres que hão de liderar as mulheres nas congregações. 

No Brasil, nunca se bateu tanto no peito para gritar um patriotismo "brabo", grave, armado até os dentes, caricaturalmente machista. Mulheres e homens orgulhosos desse patriotismo de cueca verde-oliva, exibem mais o mastro do que a bandeira do país... do berço e ventre deste matriota que abre mão de gritos e arroubos, para sussurrar: "Minha terra mãe gentil... nação da qual preciso me orgulhar de novo... mátria amada Brasil...".

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