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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

PESSOAS IRREAIS

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Por absoluta soberba, determinadas pessoas decidem se tornar super seres aos olhos em redor. Vestem suas imagens de criaturas fantásticas que protagonizam em todas cenas do cotidiano de suas vidas. Nunca estão abaixo, atrás, muito menos ao lado. Sabem mais do que todo o mundo, são mais solidárias do que todo o mundo, até sofrem mais do que todo o mundo, e suportam como ninguém as dores, as perseguições que imaginam e o peso de serem especiais, como julgam ser.
Frequentam seus repertórios verbais, aquelas máximas como: "se não fosse eu..."; "se eu não estivesse lá..."; "ainda bem que cheguei..."; "graças a mim..."; "faço tudo sozinho..."; "tudo nas minhas costas...". Eu. Eu. Eu. Essas pessoas têm tanto eu, que seus eus nunca dão em nós. Dão, sim, nós bem cegos, que só admitem laços hierárquicos nos quais elas ocupem o topo da hierarquia... ora como heróis, fortes e determinados, ora como mártires incompreendidos que merecem beatificação.
No fundo, lá no fundo do poço, essas pessoas não têm nada, por mais que tenham. Não têm ninguém, por mais pessoas que as rodeiem. E aqueles que as rodeiam, são também transformados em personagens. Quem não é vilão, é coadjuvante ou faz figuração. Outros são meras paisagens nos folhetins desses que jamais terão vida real. Serão sempre Mitos. Ícones da humanidade que se resume ao mundinho cada vez menor formado pelos que ainda se iludem com eles ou só não querem desiludi-los.

segunda-feira, 14 de março de 2016

CRONIQUINHA SEM VERGONHA

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Entre o safado e o sem vergonha existe uma diferença considerável. O safado é um sem vergonha com intenções ocultas ou escusas. A sua sem-vergonhice tem alvo externo; quer sempre algo de alguém.
Já o sem vergonha é um safado sem malícia. Ele apenas não tem vergonha; sua safadeza é natural. Não estabelece alvo, resposta nem projeto externos, quando a exterioriza. 
É meio louco escrever isto. Quem leu esta insanidade poderá desler, para se despir do risco de já ter gostado. Quanto ao mais, perdoe este sem vergonha pela safadeza de ocupar seu tempo com esta croniquinha.