quarta-feira, 30 de novembro de 2011

15 ANOS


Se a vida não é um mar-de-flores, os quinze anos são. Não que a idade leve a sucumbir todo e qualquer problema, mas porque essa fase tem o poder de sublimar e reflorir; pôr um toque de poesia em tudo, e fazer ver o mundo com olhos de suavidade.
Podemos dizer que os quinze anos são a reprimavera; o reconto de fadas; uma lenda real em que a magia se faz presente. Quem sabe fazer jus ao verdor da fase, tem em mãos todos os ingredientes das histórias fantásticas de príncipes, princesas, fadas, castelos e até o tempero das bruxas e outros vilões que tornam esses enredos mais interessantes.
Se nos quinze a menina deixa de ser menina, é justamente porque ela incorpora todas as fantasias da meninice, com ares de uma sutil maturidade que ainda não a macula com as intempéries da idade adulta. Ela é a princesa; a gata borralheira; a Cinderela e ninguém lhe rouba essa magia retocada perante o espelho que diz: "Hoje não há ninguém mais bela do que você".
Mas o feitiço específico dos quinze anos imita em tudo a fábula : Tem até a duração fugaz que acaba à meia-noite. É como se a própria idade fosse o feitiço. Corresponde a dizer que a colheita precisa ser exímia; é preciso aspirar as flores com a precisão de quem sabe que tudo é um sonho; trata-se de uma passagem à fase das grandes responsabilidades que surgirão três anos à frente, quando há de se deparar com a maioridade.
Mesmo assim não se conclui daí, que após os quinze anos o encanto de viver se finda. Para quem sabe ver e viver assim, a vida continua sendo bela com todos os percalços pós-adolescência. Se todos nós voltarmos um pouco no tempo, relembrando a fábula, veremos que após o baile o encanto só parece acabar... Logo o mundo encontra o sapato de cristal e se dispõe a devolvê-lo ao pé daquela que sabe fazer jus à continuação de uma fábula progressiva.
Na verdade, a vida inteira se compõe de várias estações, e os quinze anos estão longe; muito longe de ser a última das que temos para cunhar do nosso jeito, com a nossa marca inconfundível, quando somos originais.
Minha filha Nathália faz quinze anos. Isso faz do dia 8 de dezembro, mais do que o natal. Uma data cheia de luz, para lembrar o dia em que ela me encheu de alegria, emoção e certeza de que vale a pena viver, simplesmente vindo ao mundo para me salvar de mim mesmo e da solidão de não ser pai.
A ela todos os afetos deste pai imperfeito, que não sabe merecê-la, mas que a ama de todo o coração, mais do que a si mesmo.

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