domingo, 20 de novembro de 2011

CIDADANIA DO CRIME


Polícia "põe a mão" no "maior traficante de armas do país". Foge da cadeia o "rei do pó". Procura-se bandido que já é considerado o "super-homem do crime". O "Ringo da Vila Centavo" ataca outra vez. "Princesinha" do Morro da Jaqueira é a "Primeira-Dama das drogas". Morre o "poderoso chefão" do tráfico do Complexo da Bruma. Descoberto o esconderijo de mano Zeca, o "mestre de assaltos" na zona sul do Rio de janeiro.
Pelas tintas e holofotes da imprensa, o bandido é celebridade. Maior; rei; super; princesinha; mestre... Ganha status de quem venceu na vida pelo talento. Alcança uma respeitabilidade que grandes homens e mulheres das artes, das ciências, da educação, da política e da cultura não alcançam, por mais competentes e ilibados que sejam. Com isto, fazer carreira no crime tornou-se uma honra disputada quase que por concurso público. Não é pequeno o número de jovens e adolescentes - e até crianças - que ingressam nessas "oportunidades", cada vez menos por falta de opção e cada vez mais por escolha pessoal e influência da "boa imagem", da fama e da fortuna de criminosos imortalizados.
E tem mais: PCC, PV, TC, PQP e muitas outras siglas criadas por bandidos e divulgadas amplamente pela mídia, ganhando glamur e notoriedade. Isso me faz intuir o dia em que verei na tevê um "Isaías do Borel" fazendo propaganda institucional; um "Elias maluco" sendo homenageado por uma espécie de "arquivo confidencial do Faustão"; um "Fernandinho Beira-Mar" ganhando o prêmio de Personalidade do Ano, por seus feitos notórios.
Agora o crime compensa... Seus cheques têm fundos para quaiquer valores. Inclusive - e principalmente - distorcidos valores sociais.

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