sábado, 7 de abril de 2012

ACOMODAÇÃO E POLITICAGEM

Se o mais ineficiente e omisso entre os governantes fizer, ao fim de seu mandato, uma lista de tudo o que realizou em seus quatro anos, essa lista sempre será imensa. Afinal, ninguém passa tanto tempo sem fazer nada. Mais ainda, ninguém terá como praticar nem mesmo seus atos de corrupçaõ, como desvios de verbas públicas, se não tiver como justificar com gastos em obras, e mais comumente com atos de assistencialismo, o uso dessas verbas.
O que pode medir, de fato, a importância de uma gestão, são os atos, medidas e obras que mudaram a vida de uma cidade, um estado, ou país. A eficiência de um governante se reflete na felicidade real e duradoura de seu povo. Não no sem número de praças, asfaltamentos, pontes, passarelas, prédios escolares e reparos em obras públicas, que são nada mais do que rotina. Coisas obrigatórias, que o dia a dia exige, sem nenhuma revolução social. Como não há nenhuma revolução social nos assistencialismos que não projetam o futuro, não transformam vidas nem garantem dignidade. São apenas currais. "Favores" que acabam junto com os mandatos daqueles que os criaram.
Valorizo imensamente projetos que revolucionaram de formas significativas a sociedade, transformando conceitos, modos de vida, realidades sociais. Quem não valoriza um projeto como o do divórcio, a lei Maria da Penha, o sistema de cotas, a lei 10.639/03, que trata da aplicação de estudos de africanidade nas escolas, e outros do mesmo peso? Os resultados finais podem ser questionados, por causa da desobediência e da falta de pulso para fazer cumprir, mas são projetos e leis que têm ou teriam como tornar a realidade muito melhor. 
Mudaram vidas, tornaram o Brasil mais justo e suportável, as leis trabalhistas, por exemplo, que deram direitos fundamentais antes não sonhados: Carteira assinada, décimo terceiro salário, férias etc. Se hoje esses direitos são insuficientes e o salário mínimo não dá para quase nada, não é porque tais leis foram ruins, e sim, porque as exigências cresceram. A relidade requer mais. O país cresceu, e com ele os conceitos de conforto, vida digna, cidadania. Os políticos é que não se dignam a atender as necessidades de ajustamento dessas leis ao nosso tempo. 
Mais recentemente, temos a criação dos juizados especiais, as leis contra o preconceito, e muitos outros avanços capazes de promover a qualidade de vida de todos nós. Pena que lidamos com o vício do não fazer valer, ou do fazê-lo precariamente. A corrupçaõ é maior do que a aplicação das leis. Os favorecimentos, o tráfico de influências, a má vontade política, mais a acomodaçãodo povo tornam o Brasil impróprio para viver bem.  
Inicia-se mais uma campanha eleitoral. É comum vermos políticos exibindo seus feitos. Na maioria das vezes, feitos que apenas fazem parte da rotina de cidades, estados, e do país. O mínimo obrigatório é numeroso, quando apresentado em forma de lista. Simplificando bastante, é feito alguém do lar, que enumera todos os afazeres diários como lavar vasilhas e roupas, varrer casa, espanar móveis, cozinhar, cuidar de filho etc. Afazeres que são muitos, cansam, mas que são obrigações diárias. Não mudam a vida familiar. Não revolucionam a casa.
Quando virmos esses políticos lançando aos nossos rostos os seus feitos, analisemos os efeitos. O que seus projetos, leis e atos fizeram de fato por nós. O que mudou em nossas vidas. Como são as nossas cidades, estados, o país, depois do que fizeram. Existe uma diferença? Existe um antes e depois deles? Pensemos nisso, e deixemos de premiar, a cada eleição, aqueles que não fizeram nada além do obrigatório, e quase sempre, com a única intenção de lucrar pessoalmente com isso. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário