quarta-feira, 18 de abril de 2012

FIANÇA COMPULSÓRIA

Paráfrase é tábua de salvação. Autenticação compulsória dos célebres, arrebatada pela insegurança de autores que reconhecem vagos ou incompletos os seus textos. Quem parafraseia não faz além de buscar arrimo, adereço e/ou aquiescência quase sempre daqueles que já não são refutados, porque morreram... e tendo morrido, ganharam reconhecimento eterno como imortais.
Os parafraseados quase ou nunca faziam o mesmo, porque eram autossuficientes; seguros do que escreviam. Tinham certeza que seus escritos valiam por si só; não precisavam do empréstimo nem da fiança de outros nomes. Se algumas vezes foram preteridos ou criticados, eles próprios se bastavam, deixando o reconhecimento público para a posteridade. Posteridade que chegou e se confirma, na republicação em massa e série, de suas obras, e no poder desfibrilador que atua sobre textos e discursos nascidos quase mortos, mas que muitas vezes ganham notoriedade.
Quem se utiliza do recurso, busca uma co-assinatura; um bote que não permita o naufrágio de seus argumentos não raramente rocambolescos; repletos de palavras e efeitos pseudo-eruditos, como vem sendo este parágrafo. A paráfrase nada mais é do que a obturação do texto precário... ou precariado. Isto não foi uma paráfrase.

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