quinta-feira, 12 de abril de 2012

MEU INSTINTO ASSASSINO

Quando me sentia vencedor volta o zumbido, e com ele, a mosca verde. Com ambos, a minha fúria incontida que já quebrara um copo e derrubara também os badulaques de sobre uma cômoda.
Bicho nojento. Vai lá na rua, pousa nas bostas de mendigos e cães, e vem tirar meu sossego; acender minha raiva. Lanço mão de um pano velho e saio batendo a esmo, vociferando alto, como se ela entendesse. Aliás, acho até que de fato. Entende mesmo. Dribla os golpes, faz piruetas, paira e faz um rasante... zomba do meu show.
Geralmente, sou pessoa de paz. Não discuto; não brigo; não faço greves, protestos nem passeatas de qualquer natureza. Mas a mosca, maldita mosca, sempre me põe do avesso. O pior de quem sou, a minha parte assassina, o que a danada consegue arrancar de mim é medonho; assustador. Peço até o seu sigilo, para ninguém mais ficar impressionado comigo.
Imagine você, que depois de alguns minutos intermináveis de peleja e fúria, desejo insanamente que a mosca seja uma pessoa. Se assim fosse, matá-la-ia enforcada, fazendo-a estrebuchar e se arrepender. Após matá-la, ficaria bem calmo e cuidaria da casa. Isso incluiria varrer o incômodo.
Entretanto, não tenha medo: Só a mosca me deixa assim. Jamais desejei que um ser humano fosse mosca, para matá-lo como se faz a uma... mosca. Seja como for, este assunto fica entre nós...
                                      ...        ...
... Não vá zumbir nos ouvidos de outras pessoas.

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