Demétrio Sena, Magé – RJ.
Até entendo a preguiça de pensar,
que tomou conta desta geração. A cada vez que se discute um tema social ou
político – partidário ou não – com determinadas pessoas de faixa etária um pouco
ou bem anterior, os discursos destas são sempre os mesmos. Memorizados, dentro
de um padrão que acabou de virar moda, e com jargões previsíveis e
massificados. As diferenças estão nos tons de voz, embora sempre alterados e com
doses fortes de ironia, para convencer pela coação, pois discursos alheios não
dão segurança para quem reproduz. Isto ficou evidente, por exemplo, na última
campanha eleitoral, que disponibilizou falas para todos os gostos, absorvidos
pela moçada e alguns marmanjos de meia idade como eu.
Os tempos estão muito corridos; a
geração presente não quer mais ler, desenvolver os próprios raciocínios,
enunciados e conclusões. Não quer e não sabe. Decora frases, textos prontos de
rede social e os repete nas conversas, acrescentando apenas alguns desacatos e
ofensas para quem não concorda com suas reproduções verbais. É bem fácil; não
é? Difícil mesmo é pensar por conta própria; tirar conclusões pessoais de tudo
o que vê e lê. Perceber as entrelinhas e apurar os fatos, notícias, entrevistas
e discussões públicas, para decidir o que tem fundamento, realmente casa com
sua opinião, e saber explicar por que sim.
O mercado de opiniões e discursos
é realmente farto e se disponibiliza para todos os que desejem consumir. Catar
nas mídias opiniões prontas, explicações mastigadas e discursos padronizados dá
muito menos trabalho. Quanto ao mais, é só a pessoa ter o cuidado de não
discutir democraticamente com quem pensa por si mesmo e se aprofunda criteriosa
e lucidamente nos temas. Toda vez que bater o desespero de saber que a decoreba
vai acabar, e assim sendo, será necessário lançar mão de argumentos originais
inexistentes, é só usar o recurso derradeiro de gritar; gritar muito, para
vencer ilusoriamente o debate por intimidação ou, muitas vezes, aquela gentil desistência
humanitária do outro lado.
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