Demétrio Sena, Magé – RJ.
- Saudades de você, minha filha.
- Ué, pai; mas estou aqui todos
os dias. Que história é essa?
- Saudades de você na cadeirinha
da bicicleta. Pedindo para ver canoas no Rio Suruí. Feliz da vida com um presentinho
de nada. Chorando porque me ouviu dizer, de brincadeira, que trocaria nossa
casinha humilde por uma mansão. Dando gargalhadas gostosas por qualquer
brincadeirinha boba. Deitada na rede, lendo livrinhos infantis. Pulando no
upa-upa. De olhinhos arregalados, ouvindo minhas histórias. Dormindo ao som das
musiquinhas que fiz para niná-la. Gostando de ser chamada de molequinha.
- Ih, pai; por que esse papo
agora? Já acabou?
- Não, filha, tem mais...
- Mais o quê, pai?
- Saudades de quando você não perguntava
“que história é essa”... nem dizia “ih, pai; por que esse papo agora?”.
- O que mais, pai?
- Já terminei. Agora o beijo de
boa noite.
- Tá bom; pai. Beijo. Boa noite.
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