Demétrio Sena, Magé – RJ.
OVERDOSE – Às vezes quase
enlouqueço, vítima de poesias congestionadas que buzinam em meu silêncio, todas
pedindo passagem ao mesmo tempo. Coração e cabeça dão um nó, desesperados com o
engarrafamento insolúvel no trânsito impiedoso da inspiração sem limite. Se
nada me socorrer, um dia posso morrer de poesia.
AVISO – Se Não sabe brincar
de sedução,
nem entres no parque do meu
coração.
SEM PANOS – Já me cansei de lhe
ouvir dizer que o cão é mais gente do que gente. Que gente não lhe completa e
não é uma sã companhia. Por mais que meu coração balance por cães, depois desse
desencanto eu lhe tirei de todos os meus planos. Não estou mais a mercê de seus
caprichos, e posso assegurar: Tirados todos os mantos, o meu caminho é inverso.
Confio mais nos humanos do que em você.
DÍVIDA MANTIDA – Não revidarei à
sua ofensa e peço que não me peça desculpas. Nada lhe cobro, não exatamente por
bondade, mas por malícia, mesmo. Quero manter o status de credor.
TEMPO – Ando meio sem tempo
para trabalhar;
tenho muita coisa pra lazer.
AMPUTAÇÃO – Tenho
sempre muito cuidado com o que não faço. Isso acontece, porque sei que uma
vontade reprimida pode até me livrar de ferir meus pés... mas não vai evitar
que ampute os meus passos.
SÓ (LIDÃO) –
Menina triste
de olhar pidão.
só lhe dão
solidão...
SER HUMANO – Cuidado com as
pessoas com quem você anda. Muito cuidado: Procure saber do que precisam; dê
ouvidos e ombros; estenda sempre a mão... Nossos pais estariam certos, se o
sentido de suas advertências fosse este: Temos que ter cuidado com quem andamos.
O próximo precisa de amor... o ser humano precisa de cuidados.