Demétrio Sena
Escolhi ser um professor de cultura e cidadania, um
arte-educador, quando não existiam formalmente os arte-educadores. Alcancei
este sonho, já nos primeiros anos de minha maturidade, quando o governador
Leonel Brizola abraçou o sonho de seu vice-governador e Secretário de Educação
Darcy Ribeiro, de criar os CIEPs e aquela fantástica estrutura: horário
integral, educação de primeiro mundo, quatro refeições diárias, esportes, médicos, dentistas, psicólogos
e animadores culturais; os arte-educadores. Tudo dentro de uma estrutura física
adequada a todas as práticas e necessidades locais, além de farto material
pedagógico, artístico, funcional e utilitário. Naquela época, os CIEPs acolhiam
alunos do primeiro segmento do ensino fundamental, e os ginásios públicos, com
a mesma estrutura, jovens do segundo segmento. Prioridade absoluta para os mais
pobres; os moradores de áreas discriminadas e de conflitos.
Hoje, ao olhar em volta e ver as escolas públicas
sucateadas...ver os profissionais da educação menosprezados como nunca pelo
poder público... perceber os alunos orientados pelos governantes a odiar
professores, como parte de um projeto de desescolarização das camadas
desfavorecidas, lamento profundamente. Lamento ainda mais, ao ver justamente as
pessoas mais desfavorecidas cultuando essa política pública anti-educação,
convencidas pelas pessoas de vida ganha... pessoas que sempre tiraram e tirarão
ainda mais vantagem da desgraça social, por esse projeto de favorecimento das
classes politica, empresarial e outras que gozam de privilégios às custas de
quem mais sofre. Inclusuve alguns que parecem gostar de sofrer, fingindo
pertencer às elites.
Não queria tecer lamentos, mas é inevitável. Queria
só parabenizar aos professores pelo seu dia, incluindo-me no contexto. Se não
há o que se comemore no que tange a valorização, as condições, estruturas de
trabalho e políticas salariais, enalteçamos a força e a capacidade que o
professor tem, de não desistir. E o seu amor pelo próximo, que o faz insistir
no sonho de um país melhor para todos os brasileiros.
Enalteço também os professores da iniciativa
privada, que vêm enfrentando em salas de aula o preconceito de alguns pais
abastados ou pseudo-abastados que não dão limites aos filhos. Filhos estes, que
quando resolvem levar os professores ao extremo da estrutura emocional, sabem
que podem se valer do status de "clientes pagantes" e do
desfavorecimento do professor sem estabilidade empregatícia. Minha esposa
Eliana é uma dessas professoras, e só ela sabe com que força e talento se
aposentou e continua trabalhando como admirável professora da rede privada.
Minha grande admiração, meu reconhecimento e o
carinho a estes e aqueles! Estamos todos no mesmo barco, pelejando para não
naufragarmos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário