quarta-feira, 2 de julho de 2025

SOBRE CONVIVER COM PESSOAS E CÃES

Demétrio Sena - Magé 

Muitos repetem a todo instante, que preferem os cães às pessoas. Há duas cadelas em minha casa. Eu as amo. Mas não vejo como comparar a relação ser humano/pet com os relacionamentos interpessoais. Cães obedecem o tempo todo; não discordam; aceitam a vida que oferecemos e o ser humano é seu dono; sob a classificação de tutor.

É um desafio à nossa humanidade, à dignidade pessoal e ao nosso exercício como seres sociais, nos relacionarmos com outras pessoas. Muitas vezes requer uma grande humildade, a contenção do brio... abala o próprio protagonismo. O ser humano contra-argumenta, contraria, raciocina à altura e não pertence um ao outro. Não somos donos nem propriedades de outros seres humanos, embora o pronome possessivo meu/minha seja muito comum entre nós. 

A fraqueza de caráter... a vaidade patológica... o complexo de superioridade, o sentimento de posse, o medo e a preguiça de se relacionar igualitariamente com o outro explica bem esse mantra de algumas pessoas. Elas querem simplesmente que o próximo lhes obedeça, concorde sempre, não tenha vontade própria, opinião, aja sempre com passividade, sem brio e protagonismo. Só elas podem ter sentimentos, reflexos, decisões, opiniões e arbítrios próprios.

Ter cães (duas cadelas) não me faz desejar ter as pessoas de minhas relações "na coleira"; sob o meu domínio; minha tutela permanente. Meu amor pelos bichos não é maior nem menor... é apenas diferente do amor que tenho pelos meus afetos humanos, que trato exatamente como afetos humanos. Com todos os desafios da convivência social.

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domingo, 29 de junho de 2025

AO PREGADOR DO AMOR AO PRÓXIMO

Demétrio Sena - Magé 

Sabe quem é o próximo, pregador do amor ao próximo? É quem vive na sua casa, sua rua, cidade, estado, país... o seu planeta. Sabe quem é o próximo, pregador do amor ao próximo? É quem pensa, vive, acredita, vota igual e diferente de você. Quem frequenta sua igreja, uma sinagoga, mesquita, um terreiro... quem não professa nenhuma fé e quem não acredita em nenhuma divindade.


Sabe quem é o próximo, pregador do amor ao próximo? É a pessoa branca, negra, vermelha ou amarela como você. O hétero, gay ou bi como você é. Seu próximo é o pobre; o rico... é o magro, é o gordo, baixo, alto... considerado feio; bonito. O bom; o mau. Quem respira, suspira, chora, ri, faz tudo, algo, nada que você faz. Seu próximo, pregador do amor ao próximo, é o ser humano. O mais próximo, menos próximo, distante, porém o próximo. 


E você sabe o que é o amor, pregador do amor ao próximo? Não sabe... sei que não sabe. Sei também que não sei... mas do que tenho certeza, pregador do amor ao próximo... é que o amor, especialmente o amor ao próximo, não é o que vejo em seus atos, apesar do que você prega... nem o que vejo em suas palavras, quando você não está pregando sobre tudo aquilo que você só prega. 

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terça-feira, 17 de junho de 2025

VAMOS LEILOARTE


Demétrio Sena 

Moradora de Guapimirim, a artista plástica Sônia Monteiro é detentora de um acervo incontável de obras que ela produziu por longos anos. Sônia se confunde com a própria criação. A artista sempre disponibilizou seus quadros, suas esculturas e instalações para mostras país afora, e com esse desprendimento, levou encanto, reflexão, aprendizado e horizonte a milhares de pessoas, em sua cidade, Guapimirim, e na cidade vizinha, Magé, onde a artista atua com frequência. 

Sônia fez (e faz) oficinas de artesanato, pintura instalações em escolas da rede municipal de cidade. Milhares de alunos do ensino fundamental de Guapimirim já tiveram acesso a essas oficinas e os resultados têm sido surpreendentes. As oficinas mesclam técnica e afetividade, porque a artista se recusa a ser fria; puramente pragmática. De suas obras, muitas ficaram no caminho, vendidas para colecionadores, admiradores, museus e muitos outros espaços para exposições de artes.

Das muitas outras obras, a Sônia quer leiloar boa parte. Quer que outras pessoas possam obter seu trabalho a custo mais acessível do que nos ambientes formais. O leilão de Sônia está marcado para o dia 12 de julho deste ano, sábado, em seu sítio Recanto das Artes, no bairro Vale das Pedrinhas, do Município de Guapimirim. 'Vamos Leiloarte" vai ter início às 14h, com exposições paralelas, apresentações musicais, recitações literárias, gastronomia e outras atrações.

O Sítio Recanto das Artes fica na Rua 21, número 412, no bairro Vale das Pedrinhas, de Guapimirim. Acho que a cidade merece tantos eventos nos campos da arte, da literatura, da cultura como um todo.

sábado, 14 de junho de 2025

DE OPRIMIDOS E OPRESSORES

 DE OPRIMIDOS E OPRESSORES

Demétrio Sena - Magé 

Ninguém deveria ficar bêbado, ou deslumbrado, com nenhuma posição na sociedade. Nem com o topo. Mas fico assustado com o quanto algumas pessoas ficam inebriadas com a possibilidade mais ínfima do topo. Nos primeiros degraus de uma independência ainda pseudo, porque essas pessoas ainda estão trabalhando feito loucas, para terceiros ou para si mesmas, tem início uma virada bizarra de chave. Se antes era oprimido, imediatamente o indivíduo começa a oprimir o outro que está pertinho dele; um ou dois degraus abaixo, como se um estivesse no céu e outro no abismo, sem nenhuma chance de ascensão. 

Sim, do que mais trato aqui, é daquelas pessoas que não nasceram em ninho de ouro e conhecem bem de perto ou bem de dentro, as mais duras realidades sociais. Mesmo assim, ao experimentarem a convivência em patamares sociais um pouquinho mais elevados que sejam, iniciam uma escalada de vingança não contra quem os oprimia, e sim: contra quem passa pelos mesmos constrangimentos, vivencia as mesmas "situadas", injustiças e rasteiras sociais que elas vivenciaram... e ainda vivenciam, por parte daqueles que já estão um pouco ou muito acima, nessa escalada... ou nessa "escada".

A opressão pode fluir de formas diretas e contundentes. Também de formas muito veladas; até simpáticas e risonhas. Até em supostas inclusões, para "lá dentro" deixar evidente a exclusão. Inclusive em convites especiais, para no momento oportuno situar. Fazer o convidado sentir, de uma vez por todas, que ali não é o seu lugar. Ou sua turma. Ou sua praia. Tudo com um exibicionismo direto ou disfarçado (porque muitos não querem nem que os seus iguais percebam sua soberba; seus iguais, que também disfarçam, cada um, a própria soberba). Hipocrisia das denominadas altas rodas, às vezes nem tão altas. 

Chega o ponto em que não existem amizades. Apenas hierarquias. Nem admirações, e sim, trocas de bajulação. Quem quiser se manter em sociedade precisa fingir para o degrau abaixo, pois é raro viver sem ter a quem "olhar por cima" e, por outro lado, bajular o degrau acima. Considerando o poder de consciência do que faz, o ser humano é a pior espécie da fauna. Ou de toda a natureza. Todos os dias, exerço lentamente o desapego à visibilidade. Faço arte, literatura e preciso sobreviver. Tirando a carência específica de sobrevivência íntima e fisiológica, vivo longos períodos de ostracismo social.

Ah; e tenho, sim, algumas relações afetivas não hierárquicas totalmente fora de todo este contexto.

Guapimirim, 05/06/2025

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quarta-feira, 11 de junho de 2025

PSICANÁLISE E PSICANALHICE

Demétrio Sena - Magé 


Existem as faculdades de psicanálise. Tenho informação de que no Rio de Janeiro, somente a UNIRIO tem essa formação. Mas existem os cursos para quem tem preguiça de faculdade, além da pressa de se auto intitular psicanalista, mesmo sem ser. Cursos não qualificados, que não fazem de ninguém um profissional de verdade.

A Grande maioria desses cursos está nas igrejas, onde aluno, em vez de aprender psicanálise, vai aprender aconselhamento pastoral e direcionamentos corporativos religiosos. No fim das contas - mas todo mundo quer pagar suas contas com facilidade -, uma fraude. Fraude que tem ajudado muito malandro a se dar bem e muitos desavisados a se dar mal, comprando gato por lebre nos consultórios abertos da noite para o dia. Igualzinho à formação relâmpago nos fundos de templos religiosos.

Com base nessa realidade, aqui vai um conselho, para o caso de você desejar ser um psicanalista com formação fundamentada: vá tomar conhecimento da psicanálise verdadeira, em uma universidade. Se não quiser tomar esse conhecimento na universidade, o problema é seu. Neste caso, por sua conta e risco, vá tomar no curso! 
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segunda-feira, 2 de junho de 2025

CARÊNCIA REBORN

Demétrio Sena - Magé 

O que menos vejo em supostas mães de bebês reborn é motivo para rir. Tal assunto é sério; de saúde pública. Oposto aos que levam para o campo da personalidade, este leigo em assuntos de saúde ou doença emocional não teme dizer que há muita gente íntegra, de boa fé, culta, inteligente que está apegada aos bonecos como se a filhos e até netos.

Se não tenho diagnóstico médico para esse caso, posso pelo menos prescrever uma receita humana capaz de ajudar um pouco a essas pessoas. Ela concentra em sua fórmula, ombro amigo, atenção, ouvidos desarmados e nenhum julgamento. E se nada disso resolver, o que é possivel, quem foi capaz de se doar a tal ponto já terá oferecido um oásis no deserto afetivo dessas pessoas, sejam elas solitárias fisicamente ou não. 

Se vamos dar conselhos às "mães" (e até aos "pais") de bebês reborn, que não sejam conselhos pejorativos; desses que desqualificam a inteligência ou as capacidades cognitivas delas. Muito menos a índole pessoal. O caráter. Ninguém conhece as angústias, o tamanho real da solidão, nem faz a menor ideia dos abalos estruturais por um possível trauma. Da confusão interna de quem chegou a tal ponto. 

Talvez não possamos fazer mais nada por alguém que sofre dessa carência tão profunda e doentia. Entretanto, se já é falha de caráter nossa, não tentar fazer algo para dar algum apoio, não termos nem respeito só pode levar a uma conclusão: nós também estamos necessitados de ajuda. Também estamos profundamente doentes... e sem bonecos.

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domingo, 1 de junho de 2025

LULA E A NEVE

Demétrio Sena - Magé 

Há dois ou três dias (eu sou assim, em pouco tempo já não sei quando foi), a Nathalia mostrou pra mim uma postagem esquisita. Uma pessoa dizia em vídeo, que no Brasil não há neve. Nem no mais rigoroso inverno do Sul. Garantia que a mídia, em peso, espalha fak news em todo o território nacional, sobre neve no Sul. Só não disse uma frase, mínima que fosse, do sentido dessa profunda conspiração. Também não explicou por que não apenas a mídia, em peso, mas também muita gente que mora e/ou passeia em alguns estados sulistas garante que a neve cai, sim, pelo menos nos invernos mais rigorosos, por lá. 

Sabemos quem são essas pessoas que vivem de criar e disseminar as mais bizarras teorias da conspiração. Como vivem, o que comem, com o que se divertem (...não; não; elas nunca se divertem; estão sempre alarmadas e temerosas) e quem são seus ídolos políticos. Seus cérebros ainda não foram estudados e só o que se sabe, por dedução observatória, é que são minúsculos e confusos. Precisam de ajuda, mas não procuram nem aceitam, porque acham que são o topo da humanidade, que a humanidade é o Brasil e que um dia dominarão para sempre, essa humanidade; a fogo, ferro e religião única imposta para todos. 

São muitas e persistentes, as teorias da conspiração que essa espécie multiplica em sites, redes sociais e outros espaços da internet. O sucesso de suas empreitadas se deve ao fato de sermos um país cujo povo se deixa dominar com facilidade por arroubos políticos populistas, religiões brabas e gritantes e anúncios eternos do fim do mundo. Com base nos delírios desse povo, minha filha fechou a conversa com humor realista: 'Pai; alguém desse meio ainda vai dizer na internet, que o Lula está escondido em uma nuvem sobre o Sul, produzindo neve falsa e lançando sobre grande parte da região'. Alguém duvida?

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quarta-feira, 28 de maio de 2025

AMIZADES E "AMIZADES"

Demétrio Sena - Magé 

Entre dois amigos, os conceitos de amizade costumam ser diferentes. Algumas vezes, conflitantes. Mas quando as diferenças ou conflitos não desaguam em amizade unilateral, nada fere o sentimento nem desata o laço. Amizade unilateral é quando só um se importa com o outro. Só um procura, chama, inclui, dentro de suas possibilidades reais, e sabe que um sentimento sincero sempre tem possibilidades reais. Esse saber é fundamental na manutenção de uma amizade... sem ele, o relacionamento unilateral definha, com o tempo, porque o próprio tempo conspira contra tal critério de envolvimento.

Nas amizades bilaterais, as diferenças de pensamentos não envolvem graus diferentes de amizade. Não sustentam uma amizade maior de um lado, menor do outro. Nenhum dos lados é egoísta, personalista, sonso e traidor. Um lado pode ser esturrão, explosivo, difícil de dar o braço a torcer em questões cotidianas e, até injusto por algum tempo, nessas questões... mas o consenso final é sempre certo. Sempre existem ajustes, considerações e os apelos afetivos capazes de aparar as arestas, sem deixar cicatrizes. O que não ocorre, de modo algum, é a condição de uma amizade ser mantida depois de uma traição; uma "rasteira"; uma sucessão de mentiras graves, atos antiéticos, silêncios e distanciamentos desnecessários de um lado, até que o outro se cansa e silencia, de uma vez.  Afasta-se definitivamente.

Em um todo, é a falta de sinceridade, transparência e franqueza que resulta o esfriamento gradual ou imediato do lado sincero, transparente e ativo da amizade. O mais espantoso é que, depois do fim desse relacionamento, aquele ou aquela que gradualmente gerou o desgaste, o cansaço e a desistência no outro, é quem há de gritar aos quatro ventos que, a amizade acabou porque o outro lado foi incompreensivo. Não foi longânimo. Pior que foi. Só não foi de aço, de gelo ou mármore. O que sempre correu em suas veias foi sangue de verdade. Sangue humano.

Mas, ó: estou separando amizades unilaterais de amizades bilaterais, aquelas em que ambos os lados, com suas diferenças, até gritantes, são iguais em nível, relevância e profundidade.

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sábado, 24 de maio de 2025

"TIÃO", EVANILDO E OUTRAS PERDAS

Demétrio Sena - Magé 

Em poucos dias, este quase fim de maio teve duas perdas que desmaiaram o ano: uma delas, a do Evanildo Bechara. Trata-se de uma perda que empobrece o meio literário e intelectual brasileiro, além de abrir um buraco difícil de fechar, na Academia Brasileira de Letras, que tem ocupado suas cadeiras de formas duvidosas, a meu ver. Uma perda Ípsis Líteres. "Ao pé das letras".

Perda salgada, a do "Tião", o Sebastião Salgado, para o meio fotográfico e o Brasil, como um todo. Ele deixa um legado de muita sensibilidade, reflexão e denúncia, por meio de suas fotografias, quase todas em preto branco. Era sua forma de ressaltar seus alvos, especialmente quando fotografava mazelas e tristezas do Brasil e do mundo. Em ambas as perdas, o empobrecimento da arte, da literatura e da inspiração inquestionável.

Além de Sebastião Salgado e de Ivanildo Bechara, a cultura brasileira tem sofrido grandes e duras perdas, nos últimos tempos. Quem há de costurar esses rasgos? O que há de nascer, de mortes tão significativas? O que há de repor esses valores?

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"TIÃO" E BECHARA


 

quinta-feira, 22 de maio de 2025

JANJA: CIDADÃ DE PRIMEIRA CLASSE

Demétrio Sena - Magé 

Uma das frases mais infelizes que já ouvi, no jornalismo moderno - ou que deveria ser moderno -, veio do âncora que mais admiro, na atualidade. Ao afirmar que "Janja só perde a linha porque o marido permite", César Tralli aderiu à clássica forma de machismo e misoginia mais difícil de combater, porque se oculta no duplo sentido. Quando (e se) alguém disser ao Tralli que ele foi machista e/ou misógino, sua defesa será cinicamente simples: que só se referiu a protocolos de poderes instituídos, e quis dizer que a primeira dama comete ou diz impropriedades, porque o presidente não a orienta sobre os comportamentos e as falas protocolares.

Por outro lado, o presidente Lula foi completamente feliz em sua resposta, não sei se ao Tralli ou a mais comentários desta natureza. Cravou, em redes sociais, que Janja fala o que quer, porque não é cidadã de segunda classe. Tal fala, o presidente poderia repetir em qualquer ambiente, sem precisar explicar contexto algum, porque não contém dubiedade, camuflagem ou esperteza. Janja é uma cidadã livre, independente, uma mulher autossuficiente como tal, que tem direito aos acertos e erros de suas atitudes e manifestações, sendo ou não, esposa de presidente. 

No caso de sua fala, na China, sobre o Tik-Tok, Janja quebrou, sim, o protocolo. Mas aproveitou a melhor oportunidade que alguém poderia ter, de falar sobre os danos causados por essa rede social que tem sido amplamente utilizada para empoderamento da truculência, dos preconceitos mais arraigados e dos ideais perniciosos da extrema direita, especialmente no Brasil. O presidente da China sentiu o impacto das palavras de Janja e afirmou que as autoridades do Brasil podem ficar à vontade para tomar quaisquer decisões pertinentes a respeito do assunto.

Muitas mulheres, inclusive ligadas à esquerda política, e por isso defensoras do empoderamento feminino e seu lugar de ação e fala, vêm criticando a primeira dama, por sua liberdade, justamente nesse campo. Elas concordam que Lula deveria cercear e mandar Janja "calar a boca". Mantê-la na linha, sem arroubos de protagonismo, porque "o astro é o seu marido; não ela". Sobretudo, nosso complexo de vira-latas traumatizados com pedradas e chutes do primeiro mundo parece exigir de todos nós, o medo perpétuo de falar grandes verdades... e das mulheres, a perene avaliação prévia dos homens, de seja lá o que for que dirão em público. 

Isto não é sobre a primeira dama. É sobre a mulher, na sociedade contemporânea. 

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terça-feira, 20 de maio de 2025

PACTO

 


SOBRE OS "DONOS" DO BEM PÚBLICO

Demétrio Sena - Magé 

Ao "decretarmos" que um espaço público aberto... "é publico!", para justificarmos uma possível utilização particular, sem nenhuma solicitação formal prévia para liberação desse espaço, somos totalmente arbitrários e contraditórios. Afinal, tornamos privado o que é público e suprimimos para todos mais, o direito de ir, vir e utilizar.

A rua, por exemplo, é pública. Todos podem transitar, sentar em uma calçada e até ficar no meio dela, em pé, olhando para o céu. Mas ninguém pode cercá-la para um evento, sem antes recorrer ao setor de ordem pública do município, para consulta prévia de viabilidade sobre dia, horário, som, trânsito, natureza do evento e muitas outras questões. Isso, todos podem fazer, utilizando critérios lineares estabelecidos pelo poder público. 

Fazer obras na rua, na calçada ou em uma praça; pôr barricadas e quaisquer outros impedimentos, para dificultar acessos... desmatar para qualquer fim, as áreas públicas de preservação ambiental... invadir escolas públicas (ambientes sempre desrespeitados pela população) para realizar atividades não agendadas, tudo isso é proibido. É privatizar arbitrariamente o público; tomar para si, como pessoa ou grupo, definitiva ou provisoriamente, o que é de toda a população. 

O que me deixa intrigado, é que essas pessoas arbitrárias, truculentas e "brabas" que usam ruas, calçadas, praças, escolas e outros bens públicos, como seus, não invadem também, delegacias, fóruns, áreas ambientais vigiadas e quartéis. Esses espaços também são públicos, mas neles, os mesmos trogloditas miam.

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domingo, 18 de maio de 2025

SENTIMENTO DE EXCLUSÃO

Demétrio Sena - Magé 

Meu sentimento de exclusão é algo inexplicável. Isso me deixa em conflito, porque não é só um sentimento, eu sei, no mais mais profundo em mim... mas não consigo apontar os atos em derredor, que fazem me sentir excluído. Só me sinto e calo, porque no contexto e na ambientação do meu sentimento, é sábio não agir. É prudente me calar. Prudente, neste caso, chega a ter o sentido de bom "pro dente".
Quando criança, eu tinha muita facilidade para ser "curto e direto" sobre meu sentimento contínuo de exclusão. Afinal, todos eram curtos e diretos nos motivos contundentes que me davam para sentir-me assim. Ninguém tem medo nem se constrange de fazer uma criança ou um adolescente chegar à conclusão de que não lhe cabe nenhum pertencimento em um grupo, ambiente ou clã. É fácil fazer isso, onde os outros também fazem.
Excluir um adulto perceptivo, conhecedor básico do sentido da exclusão, é mais complicado. Especialmente nestes tempos de tantos discursos e algumas leis anti-exclusão. Até nos ambientes familiares, onde geralmente ninguém aciona judicialmente ninguém por preconceito, exclusão, separatismo, as pessoas têm cuidado. Não sabem quem assumiria com elas os próprios atos impulsionados pelos mesmos sentimentos que todos veem como vilania, no outro.
Conheço desde cedo, externa e internamente, a exclusão. Externamente, há casos em que a lei resolve, se valer a pena, depois dos constrangimentos. Internamente, não, porque a presunção do afeto em torno, apesar da exclusão, aciona o meu afeto. E como tudo o mais também fica no campo da presunção, pois em tudo há uma linha tênue que gera dubiedade, resta o sentimento questionável de exclusão. 
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quinta-feira, 15 de maio de 2025

BOLSONARITE CRÔNICA

Demétrio Sena - Magé 

Sou um ateu contrito... que ora pelos cristãos brasileiros. Peço, não exatamente a "Deus", mas ao cosmo, para curá-los dessa doença terrível que vem destruindo a cristandade própria do cristianismo; evidentemente, observadas as exceções.

A bolsonarite crônica é uma patologia grave... faz amar a ignorância, praticar a truculência, entupir a alma de preconceitos, criar ou multiplicar mentiras, prejudicar e banir quem não pensa igual nem comunga com atos terríveis de protagonismo repressor... com a junção religião/política partidária, que tem por finalidade o domínio; a inquisição; o poder absoluto... a (tali)banalização da violência em nome de "Deus" e do Estado. 

Quem sofre de bolsonarite crônica pensa que não sofre. Pensa estar "com a bola toda" e "mete o pé na jaca" para conquistar novos doentes e "acabar com a raça" dos que não adoecem. Para isso, até utilizam vermes como o malafaiares lumbricóides, entre outros, presentes nas m&rdas que eles fazem, de norte a sul do Brasil.

Realmente oro pelos cristãos. Neste aspecto, sou um ateu de fé. Oro ao cosmo. Isso quer dizer que não sou o tal do "ateu graças a Deus"... bordão sem graça, utilizado para desqualificar o ateísmo, quando não é possível apedrejar os ateus.

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quarta-feira, 14 de maio de 2025

A LUA E SEUS AMANTES

 

Demétrio Sena - Magé 

A lua é o eterno clichê dos poetas, fotógrafos e namorados. Aos olhos comuns, é sempre a mesma, em suas únicas quatro poses... ou fases estáticas, até a próxima mudança em sua solidão no deserto celeste noturno... algumas vezes matinal... outras vezes crepuscular... mas sempre a mesma.

Fotografar os desempenhos lunares é ato repetitivo e de pouca originalidade, se não explorarmos o cenário de um céu semi-nublado, por exemplo... pois as nuvens, sim; essas nunca são iguais. Ou se não aproveitarmos interferências terrenas como torres, árvores, postes, insetos ou pássaros noturnos que a "cruzam"... quem sabe até trabalharmos sobreposições com outras fotos também autorais.

Não sendo assim, fotografaremos as mesmas poses lunares que já infestam a web. Isso nunca será plágio, se realmente a fotografarmos; porque a lua, tanto quanto a rua, é pública... mas é de pouca originalidade, simplesmente apontarmos para ela e dispararmos o velho clique precipitado.

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domingo, 11 de maio de 2025

LUA INTERROMPIDA

Demétrio Sena - Magé 


Não há tempo capaz de calar a saudade;
uma falta que nutre um buraco sem fim;
como sei que viver é missão nos imposta,
digo sim ao caminho e faço meu melhor...
Mas não há um só dia sem saudade sua,
na certeza do tempo que não foi bastante
para vermos a lua com todas as fases,
após todas as fases de tantas vertigens...
Foram poucos os anos de colo tardio; 
sem aquelas corridas por sobrevivência,
contra o frio, a doença e a fome total...
Seu amor foi o mundo que valeu a pena;
foi a nossa vontade maior de vencer 
e viver por mais tempo nossa lua nova...
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sábado, 10 de maio de 2025

INQUIETAÇÕES LEIGAS SOBRE A BIPOLARIDADE

Demétrio Sena - Magé 


Entendo e respeito a bipolaridade no seu aspecto não massificado. No aspecto que não virou moda (dizer poucas e boas quando quer, depois virar anjo; ser gentil agora e daqui a pouco agredir, sem nenhum peso na consciência; perder a consciência... amar e odiar, fazer o bem e o mal como quem troca de roupa).

Tenho como certo, que bipolaridade causa variação de humor: alegria e depressão num piscar de olhos; tensão e calma; medo e coragem, pontuais ou vertiginosos. Mas não causa variação de personalidade nem de caráter. A pessoa não é ora vilã, ora "mocinha" ou "mocinho". Bem educada agora, sem educação logo depois... honesta e desonesta, boa e má, gentil e perversa, capaz e incapaz de amar e ter bons sentimentos. 

Não acredito em bipolaridade calculista, planejada, utilizada como vingança e afago, a depender da carência ou não carência do momento. Bipolaridade não é manipuladora e a pessoa nem tem esse controle, pois é bipolar; não psicopata.

O laudo de bipolaridade não pode ser uma "carta branca" para quem deseja romper com os compromissos de afeto, ética e bom senso, pois o bipolar não é incapaz mentalmente... nem com as suas prerrogativas de responsabilidade social e humana... ou com a intenção de ser sempre acolhido, respeitado, e só acolher e respeitar quando lhe "der na telha".

Não tenho formação em área que diagnostique. Só vivência e observação para intuir que a bipolaridade é interna. Extravasa, sim, é sentida pelo outro, mas não de formas intencionais e má fé. O bipolar não é um psicopata; porém, um psicopata pode ser bipolar. Aí sim, ele usará o diagnóstico, não como bipolar, mas como pessoa de mau caráter; personalidade manipuladora e perniciosa.

Posso ter dito um monte de incoerências... fazer o quê? Só espero que o possível texto incoerente seja bom o bastante para fazer entender minhas inquietações leigas com o assunto.
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sexta-feira, 9 de maio de 2025

LADRÕES DE TALENTOS

Demétrio Sena - Magé 

Aspas não bastam. Elas indicam que o texto (prosa, verso, letra de música...) ou fragmento não é seu, mas não honram autoria. Como muita gente não sabe a razão das aspas, vejo má fé na citação escrita e oral, pois a pessoa conta com isso para passar como autor(a) perante quem ouve ou lê, e por outro lado, defender-se dos possíveis flagrantes: "Ué; mas eu pus as aspas!".

Qual é o problema de muita gente, com a citação de autorias ou do franco desconhecimento delas, com a citação 'autor desconhecido'? Alguém acha mesmo que autores e autoras, ainda que não saibamos quem, não merecem isso? Será que uma pessoa fica realmente satisfeita, em seu íntimo, quando alguém elogia "sua obra", que não é sua? Não há nenhum desconforto em seu ego fraudulento, ao ocorrer isso? Não consigo ver ingenuidade ou descuido em quem não respeita o que é do outro; seja esse outro, famoso, desconhecido ou incógnito.

Nestes tempos, fala-se tanto em mérito, e no entanto, em algo tão simples esse mérito é sonegado por quem deseja "méritos desmerecidos". Ganhar louros (muitas vezes até dinheiro e troféus) com o talento alheio não tem outro nome, para mim. É mau caratismo que os velhos truques como aspas, camuflagens (o plágio) e outros recursos não têm como disfarçar. 

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terça-feira, 6 de maio de 2025

HONESTIDADE FORMAL

Demétrio Sena - Magé 

Tem gente "toda certinha" com os impostos devidos ao governo, mas toda errada com pessoas comuns a quem deve desde nem sabe quando. Que sempre foi fiel com as mensalidades do clube que frequenta; entretanto, é desonesta com a pessoa que lhe vendeu algo de uso pessoal porque precisava de um dinheiro extra em poucos dias.... e continuou precisando.

Há muita gente incapaz de fazer um "gato" na sua energia elétrica, o que é muito bom... mas não tem qualquer drama de consciência por dar pequenos golpes que representam grandes prejuízos a amigos, alguns afetos ainda mais próximos e até estranhos casuais. É fiel com o banco e sempre deixa quem precisa para depois e depois. Nunca deixou de pagar religiosamente o dízimo em sua igreja, porém jamais socorreu um semelhante necessitado, nem de suas relações mais estreitas. 

Conheço gente que jamais prejudicaria o patrão nem a empresa na qual é funcionário... por outro lado, prejudica sem nenhum drama os colegas de trabalho, muitas vezes para obter benesses e privilégios do patrão. Tem o nome limpo no SPC, no SERASA, nas outras instituições sócio-financeiras, e tem nome sujo com as pesssoas à volta.

É o tipo de gente que só é gente na formalidade. Só é correta quando prevê consequências. Respeita CNPJ, só porque aprecia manter a fachada para não se sabe que ou quem. Mas menospreza CPF, se não for o seu, porque acredita que nenhum CPF alheio é necessário para sua lavagem de falsas austeridade e cidadania.

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segunda-feira, 5 de maio de 2025

VOLTE PRO MUNDO

Demétrio Sena - Magé 

Perdeu aquele sorriso espontâneo; a simpatia que a todos cativava. Já não sorri. Só ri. E quando só ri, fica entre o riso espremido, repetitivo e o só riso exagerado e nervoso. Afora o grupo uniforme que segue com fervor doentio, todo mundo é mau, se não for do meio. Esse preconceito extremo tirou o brilho de seus olhos. E a liberdade para pensar, sentir e viver sem "orientação superior" ficou suspeita e perigosa. Melhor nem tentar. 

Cultura, se não for específica do seu meio, não presta. A sociedade "cá fora" está toda contaminada, segundo as orientações que recebe. Merece viver, "comprar, vender, casar, dar em casamento, ser influente na sociedade"... ou ter o sinal da besta, só quem segue a mesma cartilha. Perdeu-se, pelo medo incutido, de se perder. Converter-se ao evangelho de forma tão equivocada, foi o fim de quem se deixou levar, com tanto pavor, pelos mitos do arrependimento por ter nascido e vivido até então.

Volte pro "mundo". As nuvens onde você vive são de fumaça tóxica e matam sua essência. Pessoas de verdade aguardam seu despertar para uma realidade vencível... sem exércitos sobrenaturais e utopias do "poder do alto" para compensar o quanto você virou usufruto dos golpes baixos de líderes religiosos unidos aos poderes político-partidários, para dissecação do seu eu, em nome de um nós espinhoso e cheio de nós. 

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terça-feira, 29 de abril de 2025

NOTÍCIA URGENTE

Demétrio Sena - Magé 

Na manhã desta quinta-feira, uma bala perdida foi vítima de um formigueiro, às margens da Rodovia Rio - Magé, altura de Suruí. Fomos informados de que as formigas estão bem - e felizes, pelo achado que as alimentará por muitos dias. Isso nos faz sonhar com um tempo longínquo em que todas as balas perdidas, especialmente na cidade maravilhosa (e perigosa) do Rio de Janeiro serão açucaradas e farão bem a tanta gente; digo; formiga... tempo de muita formiga com a boca cheia de bala e nenhum ser humano com a boca cheia de formiga. Só assim poderemos brincar livremente com as palavras... sem nenhuma ironia.

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quinta-feira, 17 de abril de 2025

DIGNAMENTE VELHO

Demétrio Sena - Magé 

Quando fui criança, todos me chamavam criança... é muito digno ser criança. Na adolescência, me chamavam adolescente. Menino. Quanta dignidade há no adolescente! No ser adolescente! Na juventude, fui chamado novo; moço; jovem. É tão digno ser jovem!

Eu era um homem maduro, na maturidade. Redundante? Como em todo o parágrafo anterior, não. Tem muita gente imatura em qualquer idade. Quanta dignidade no ser maduro! Quanto respeito e quanto auto respeito na idade da loba, o lobo! 

O que me pergunto é por que agora, idoso, não gostar de ser chamado idoso... ou velho, como tive a honra de ser criança; novo; maduro. Por acaso não é digno ter alcançado a velhice? Não é digno ter vencido o tempo e chegado até aqui?

Sobretudo, não sou um idoso - ou velho - de alma ou espírito jovem. Tenho a idade cronológica perfeitamente ajustada com com o todo, externa e internamente. Não acredito em idade híbrida. As nominatas não livram o ser humano dos efeitos naturais do tempo. 

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quarta-feira, 16 de abril de 2025

SE DEUS EXISTE

Demétrio Sena - Magé


Se Deus existe, Ele não precisa me abençoar com uma coisinha cá, outra lá, nem com uma "coisona" que vá satisfazer à minha vaidade ou amenizar uma dor que sinto. E sinto, porque não tive a benção de não sentir... por que então a do alívio? Dor não dura mesmo para sempre; uma hora passa. Tenho 64 anos de vida e nunca morri, até agora. Quero mesmo a benção de jamais morrer? Um dia morremos, depois

Caso exista, Deus bem que podia dar uma benção, em definitivo (não a de uma migalha hoje, outra depois de amanhã), às mães prestes a perderem seus filhos pra fome, a violência ou a enfermidade. Não o consolo posterior, porque mãe que perde filho não tem consolo; isso não é benção. Ela finge se consolar na fé imposta pelas ameaças religiosas, porque "só Deus sabe o que Deus pode fazer" contra quem não O teme o suficiente para não ter fé Nele.

Dispenso a benção do carro, a mansão, o iphone ou a viagem internacional que o Possível Deus pode me dar. Peço que Ele ponha sua Imensa Mão na consciência e dê à criança abandonada o retorno da mãe, o pai curado do alcoolismo, já que não conseguiu dar a benção de impedir o abandono. Que abençoe as vítimas das guerras com o fim das mesmas, uma vez que não foi Capaz de impedir o início de cada uma delas; todas inspiradas Nele mesmo e seus profetas, lá no terrível Velho Testamento Bíblico.

Pediria pra Deus, que Ele fosse Perfeito em abençoar a todos, linearmente. Paliativos, esmolas, pessoas que auxiliam "como podem", mas não podem proporcionar algo definitivo, não são bençãos. Precisar de benção para sobreviver aos pedaços; comer agora e depois precisar de novo de quem socorra; ser curado "milagrosamente" da doença que não foi impedida por uma "benção preventiva"... nada disso é uma benção.

Mesmo assim, se Deus existe Ele não precisa me dar mais do que tive nos últimos anos... dar mais e mais, para eu mostrar aos "menos abençoados" que estou entre os santos prediletos. Como bem, minha saúde abalada não me abala, vivi mais de seis décadas até agora, realizei sonhos importantes e tudo sem fé, sem religião, sem gritar que "Deus" É Lindo e Forte ou É O Cara. Nunca fui rico nem pude conhecer o Egito, mas não tenho do que me queixar.

Caso Exista, que Deus abençoe os desassistidos; os que não têm grana para comprar a benção da comida; do tratamento médico e da cirurgia; de um teto digno, do agasalho, da justiça social, jurídica, humana... quiçá divina. Não precisa fazer média comigo, com os mais bem sucedidos do que eu, os dizimistas e os abençoados de luxo que repassam migalhas de bênçãos para os desgraçados.

E dê aos piedosos sinceros quase sem recursos, que sofrem junto aos seus socorridos, a benção de finalmente perceberem que ninguém precisa mais de piedade... ninguém mais precisa de uma benção suada, sangrada, espremida, incerta e pontualmente pingada. "Será que ouvi um amém?".
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sexta-feira, 4 de abril de 2025

PARA SEMPRE DEMOCRACIA

Demétrio Sena - Magé 

Nunca mais o temor de pensar em voz alta

sobre a vida; o país; o poder e seus danos;

nunca mais outros anos de chumbo e tortura

nem da falta de sonhos em tempos de assombro...

Por favor; nunca mais nosso olhos sombrios

da certeza dos olhos que anotam quem vive

com os brios abertos aos ventos expostos,

pra punirem vivências além das cartilhas...

Tentativas de golpe nem golpe alcançado, 

nunca mais atestado de mau cidadão 

pra pessoas pensantes; de vontade própria...

Para sempre vivermos esse nunca mais

e ninguém repetir o fatídico dia;

sem escape; anistia; sem impunidade...

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sexta-feira, 21 de março de 2025

DIA DA POESIA?


 

LOBO MAU

Demétrio Sena - Magé 

Nunca fui muito ou nada bom em interpretar o mocinho das minhas histórias relacionais no mundo real. Fazer o mocinho se torna complicado, lá na frente, quando meus afetos querem se livrar de mim. Acho terrível deixar alguém se contorcer por dentro, porque não sabe o que fazer para me dar o "bilhete azul". Devo confessar que tenho o talento especial de fazer o vilão da trama. Penso no próximo (não digo isso para impressionar nem me fazer de mocinho nesse aspecto, em especial). 


Já entendi que ser o vilão (aquele que tem ou atrai para si todas as culpas nas horas cruciais) faz muito bem ao próximo, nas questões mais acirradas e nos eventuais rompimentos de relação. Todos querem ser mocinhos e ficar bem no filme, na foto ou na novela. Não sou pessoa muito boa (fique tranquilo quem sempre pensa que vou dizer que sim), mas tenho pelo menos essa virtude ou não vilania: estou constantemente disposto a não reivindicar o papel principal de um drama. 

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segunda-feira, 10 de março de 2025

FANATISMOS

Demétrio Sena - Magé 

Um ateu, agnóstico ou cético fanático (que impõe sua linha de raciocínio ao outro, geralmente aos gritos - porque todo argumento fanático é frágil) não é melhor do que um religioso de qualquer segmento, igualmente fanático. Ambos os lados são falastrões e repressores. Um obriga os seus a não acreditar em nada na direção oposta e o outro a acreditar em tudo na sua "cartilha" ou direção,  sem nenhum questionamento; nenhum raciocínio independente acerca do que lhe é apresentado.

Sou o tipo de ateu que não determinou a não existência de Deus. Não acredito no Deus (ou nos deuses) que as religiões me apresentam, mas não arrogo saber nem provar o contrário. Não tenho tese definitiva, corporativa nem isolada. Não transformei meu ateísmo em um segmento e não frequento grupos de ateus. Minha não fé no sobrenatural é de cunho particular e intransferível. Jamais preguei. Conheço ateus que, se conseguissem, entrariam nos ônibus, por exemplo, para pregar aos gritos o ateísmo, com ofensas a quem não é ateu. Exatamente como fazem os evangélicos mais ostentadores, que se impõem com gritos e ofensas a quem não é evangélico. 

Questões de fé e não fé não estão assentadas sobre provas absolutas e palpáveis. São baseadas em teses, bem fundamentadas ou não, porém teses, ou na aceitação pessoal plena do que não vê, mas crê. E crê que sente, pautado por escrituras supostamente sagradas com as quais se emociona, mediante pregações ou esplanações especializadas em tocar nas feridas... nos pontos fracos... nas emoções à flor da pele, que fragilizam profundamente a alma. De ambos os lados, não há como rotular alguém de imbecil. Ninguém prova em sã consciência, com a frieza natural de quem domina o saber, que Deus existe ou não. 

Quando critico o fanatismo religioso, não é a religião. É o fanatismo. E faço isso nos meus espaços legítimos de fala (meus livros, meus perfis em redes socias, meu blog), para que só leia quem se habilite a entrar nesses espaços. Quem convive comigo no dia a dia familiar, no trabalho e outros ambientes de convivência física não sofre nenhuma crítica minha; nenhuma ofensa ou forma de repressão, retaliação, ironia, indireta... seja o que for. Nesses meios coletivos, domésticos ou não, trato a todos com o respeito que exijo.

Em meu núcleo familiar, existe uma diversidade maravilhosa: Sou ateu, minha esposa é católica, minha filha mais velha pende para o espiritismo, mas, quando criança, foi batizada na igreja católica, por decisão de minha esposa. Na sua adolescência, quis fazer crisma e a levei a todos os processos. Minha filha mais nova, também quando criança, quis frequentar igreja evangélica e, da mesma forma, quem a levava era eu. Sem crise.

Hoje, cada filha segue o que deseja. Ambas não mais frequentam grupos religiosos. Não "se converteram" ao meu ateísmo, mas têm algumas visões parecidas com as minhas, mesmo eu nunca tendo "catequizado" nenhuma delas. Repressão não combina com opinião formada e tranquilidade sobre a visão pessoal de tudo. Imposição no grito é insegurança. Não creio no Natal, mas minha casa é enfeitada na ocasião, por esposa e filhas. Elas são indivíduos. Têm seus direitos individuais. 

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