segunda-feira, 26 de março de 2012

DIAGNÓSTICO: DESCASO, EGOÍSMO E IRRESPONSABILIDADE

A história de que as adolescentes passageiras do avião em que Jacqueline morreu de pneumonia foram orientadas a se maquiar antes do embarque rumo ao Brasil, pode ser verdade ou não. Tal maquiagem teria por fim disfarçar a palidez dos rostos e evitar problemas como suspeita de gripe suína, com provável impedimento da viagem.
Verdade ou não, isso tem a cara da irresponsabilidade bem brasileira dos nossos empresários, políticos e outras figuras que detêm algum tipo de poder, ainda que momentâneo e sobre um grupo específico de pessoas desatentas em relação a direitos, obrigações e conveniências. No caso, um grupo de adolescentes acompanhados de ninguém mais que seus agentes de viagem e funcionários comprometidos apenas com o sucesso financeiro e a imagem da empresa pela qual se aviltam, se necessário.
São também irresponsáveis os pais que enviam filhos menores a viagens longas, especialmente para o exterior, aos cuidados desses estranhos. Nenhum tio, tia, irmão mais velho, avô, talvez um padrinho de confiança inquestionável. Nenhuma pessoa que saberia tomar uma atitude firme, ainda que fosse necessário envolver a polícia ou gerar um problema diplomático. Se houvesse uma atitude assim, a adolescente não teria morrido. Não de pneumonia. Não de abandono e descaso. Não de forma tão esdrúxula quanto evitável.
É a porcaria da maquiagem. Maquia-se na sociedade, dos rostos às evidências; da crise no senado à corrupção policial; da miséria ao preconceito; da pedofilia entre os poderosos aos desmandos no judiciário, na igreja e na família. E são as maquiagens que tornam tão intrincadas as investigações, resultando quase sempre os arquivamentos, eliminações de provas, desistências, substituições de prioridades via opinião pública e outros atos que garantem a impunidade parcial ou total.
Quase profetizo que em pouco tempo outra notícia afrouxará as manchetes sobre este caso, desviando o foco e desobrigando as autoridades de cavar mais fundo e chegar aos culpados que, certamente, são inalcançáveis. Não seriam, se tanta coisa obscura não estivesse envolvida.

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