terça-feira, 6 de março de 2012

EUGÊNIO?


 (Comentando um comentário de Frederico Silva)

Classificar como gênio da literatura um escritor que as mídias de ponta não puseram no topo desse grupo é um tanto arriscado. As coisas estão todas arrumadinhas, em seus devidos lugares, e quem as desarruma pode sofrer sanções retaliativas. Acho, por exemplo, que o Deneir é um gênio das artes, mas às vezes me rechaçam, indignados, como que mandando esperar que o mercado formal o reconheça primeiro. Antes disso é proibido nominar gênios. As grandes mídias já o reconhecem como um  dos grandes, mas daí para uma "canonização" pública obrigatória há muitos passos por se cumprirem. Um deles é morrer. Por falar nisto, esqueci a morte. Como pode me chamar de gênio da literatura, se ainda vivo?
Está "escrito" que o rei do futebol é o Pelé; o da música brasileira é o Roberto Carlos. A dama do teatro brasileiro é a Fernanda Montenegro, por mais que eu julgue a Dona Laura Cardoso essa dama. Dizê-lo em público pode me condenar ao purgatório, porque isso também já foi arrumado, como está resolvido nos países cristãos, que o salvador da humanidade é Jesus Cristo, o que não discuto, até mesmo porque vivo num país cristão. A verdade é que ninguém foge aos clichês impunemente, e sua afirmação a meu respeito pode lhe render alguns dissabores, ainda que não haja consequências drásticas, pois os que mandam nos rótulos julgarão brincadeira. Ou levarão na esportiva, para estar antenado com o mundo dos clichês.
De minha parte, fico lisonjeado porque sei, no fundo da indisfarçável vaidade, que suas palavras são sinceras. Deixarei o comentário exposto, denunciando sua ousadia para desarrumar. Afinal, só um gênio tem coragem de classificar como tal uma personalidade obscura; que o país desconhece. É um quadro abstrato e caótico aos olhos de quem segue pelas retas, nunca esperando revoluções. O que me resta é respeitar a bagunça e conferir, para ver se cumpro os requisitos básicos da rotulação... Se estou morto, por exemplo.

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