terça-feira, 18 de outubro de 2011

CORRUPTOS: OS DE SEMPRE


O povo não é corrupto como vem dizendo a recente máxima dos candidatos a cargos eleitorais. O povo é faminto, desinformado e urgente. Nenhum ser humano que vê o filho sem alimento recusa os vinte reais ou menos oferecidos por um candidato, em troca do voto, da distribuição de papeizinhos, o uso da camiseta promocional entre outros expedientes. As pessoas simples e paupérrimas que se permitem usar pelos urubus dessas épocas desconhecem o conceito de corrupção. Até mesmo porque os eleitos os mantêm afastados do discernimento, das condições intelectuais para saberem o que se passa... Presos aos currais aliciadores de vítimas do abandono, da miséria e do descaso, que são a mina inquestionável dos votos que os enriquecem.
A fome avilta os que a sentem. Rouba a dignidade, o senso crítico e qualquer ensaio de orgulho. É muito fácil filosofar sobre o certo e o errado, o imoral e o moral tendo a família bem nutrida, a saúde cuidada e a conta bancária farta. Grave mesmo é o fato de os poderosos, mesmo vivendo regaladamente usarem de todos os meios para lesar os menos favorecidos, explorando justamente o filão da miséria, das desinformação, da urgência que tantos têm de comer hoje sem saber como será o dia seguinte.
Corrupto é realmente o político, por patrocinar o caos social. Ele atua como qualquer traficante de drogas, viciando os infelizes, os desestruturados, os carentes de qualquer esperança. Jogar ao léu verdadeiras fortunas geralmente escusas, pelas quais também se vende não por necessidade, mas por avareza, é bem mais viável para o mal político (e quem é o bom?). Uma vez eleito, ele recupera e multiplica o que torrou na campanha, roubando do mesmo povo infinitamente mais do que supostamente lhe deu. Passa os anos de mandato sem fazer nada que transforme a vida das comunidades e cria somente projetos enganosos, que alimentam a dependência dos necessitados, dos que sobrevivem de "bicos", ocasiões esporádicas, como vítimas eternas do desemprego e da falta de oportunidades.
Não condeno o pobre diabo que aceita o que chamamos de "uma esmola" em troca do seu voto. Nem entro no jogo do candidato que antecipadamente se exime das atribuições futuras do possível cargo, já culpando os eleitores pelo nada que projeta fazer. Talvez fosse o caso de orientarmos essa gente simples a castigar os bandidos eleitorais aceitando seus "agrados" e votando em quem de fato inspire alguma confiança, o que é muito difícil, mas pode ser que exista.
Quem sabe um dia teremos no poder pessoas sem dívidas financeiras com grupos e empresários, mas devendo ao povo, à sociedade num todo, as atuações capazes de transformar as cidades, os estados e a nação?

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