Quando a uns cabe o fruto, aos demais outra prece;
a mansão é daquele, este morre na ponte;
o poder lava as patas e o povo padece
pelo peso da cruz de não ter horizonte...
Eles lesam sem medo, conhecem a fonte
onde a nossa penúria lhes garante a messe;
têm a lei por comparsa e ninguém que os aponte
como peças do bando que à pátria empobrece...
Há nas patas imundas domínio anormal;
o poder sempre as lava, mas mantém o mal
da sujeira profunda que fincou raiz...
É do próprio poder que a desventura parte
para o povo sem trigo, educação nem arte
que abarrota as entranhas do nosso país...
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