De santo, mesmo, esse tal de
capim-santo não tem nada. É um tremendo sonso que se oculta na própria moita e
na fama... digamos, sacra, quando não passa de um profano capim-limão. Mas vá
lá, porque registro é registro, e na certidão de nascimento pelo menos do capim
do meu quintal, está sacramentado: capim santo. Com a primeira letra minúscula,
pois de fato, mato é do mato e não tem aquelas rígidas e dispensáveis formalidades
de cidadania.
Vaidoso como só ele, meu nada
santo capim-santo é bem metido a galã. Tem um baita orgulho daquela espécie de
penacho, e às vezes mais parece um capim-galo; talvez até um capim-pavão,
quando resolve mesmo se ostentar. E como se perfuma, o danado! É possível
sentir de longe, principalmente quando chove ou nas manhãs de neblina, o
frescor do seu perfume de puríssima sedução.
Mas o meu capim-santo – ou sonso
– acaba de se dar mal. Caiu na tocaia da própria vaidade ou esperteza. Imaginem
vocês, ele acaba de se apaixonar por certa menta que é pura enganação. Uma
menta que certamenta, digo; certamente o fará sofrer na pele, na fibra, na
folha ou no penacho todo sofrimento que ele já causou à malva, que parece
malvada, mas é um doce de planta, e também à erva-doce, cuja doçura o próprio
sobrenome diz.
Agora o capim-santo perderá de
uma vez aquela máscara de santidade. Será um tremendo capim-limão bem ácido e
corrosivo, tão logo descubra que a sua menta mente. Que a sua mente se deixou
levar pelas mentiras da menta metida. Tão metida quanto ele, além de mentirosa,
pois é somente uma menta com falsa voz de lã... que mente que nem sente,
quando se diz hortelã.
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