Demétrio Sena,
Magé – RJ.
Não existe
argumento contra o discurso embasado na passividade unilateral dos que só
reproduzem ou plagiam dados engessados; estatísticas favoráveis à sua
conveniência. Essas pessoas têm um temor contínuo de se render às evidências
contrárias ao que pensam que pensam, por acharem que o mundo à sua volta os
acusará de não terem personalidade. Personalidade que realmente lhes falta,
quando mais nada justifica os arroubos mantidos a todo custo; contra todas as
provas do seu equívoco e seu empacamento.
Ao decorarem
os discursos que julgam torná-los mais imponentes, dando-lhes ares de
sofisticação e gravidade, os tolos se decoram de sábios e já não querem
desfazer seus trejeitos; suas caras e bocas. Não concebem a ideia de rever
conceitos, posturas, visões dos fatos, e mesmo que o façam secretamente, jamais
confessariam aos seus admiradores também equivocados. Muito menos aos que
sempre pensaram de formas diferentes, embora mais modestas; menos técnicas; e assim,
se tornaram os alvos prediletos de seus olhares de viés; suas ironias; seus
ares de pretensa superioridade. Suas palestras insistentes e gratuitas nas
esquinas, salas de visitas, redes sociais e outros meios que não as contrataram.
Será sempre
constrangedor nos vermos forçados a mudar de pensamento, filosofia e postura,
depois de já termos ironizado; às vezes constrangido e tratado como idiotas os
que não concordaram com os nossos discursos institucionais prontos e
decorados... ou plagiados. Especialmente se percebermos que essas pessoas, com
toda a simplicidade de seus pensamentos informais, sem dados históricos,
estatísticos ou sociológicos, estão certas. Que suas visões pessoais, leigas e
despretensiosas são infinitamente mais fundadas e sensatas do que todos os
nossos arrotos de intelectualidade; nossos rompantes de conhecedores de
história, ou de apenas uma versão raivosa, radical, de esquerda ou direita.
Eis o segredo:
não escolhermos cegamente um lado de qualquer questão, pois a verdade é sempre
distribuída pelas faces diferentes do todo, como a mentira é. Se só assistimos
aos canais de tevê, só lemos os livros e jornais e só ouvimos as rádios que
dizem o que desejamos ver, ler ou ouvir, ou correspondem exatamente aos nossos
gostos, nossos pretensos níveis de cultura ou conhecimento, seremos sempre robôs.
Seguiremos programados por um conceito unilateral. Jamais teremos um leque de
opiniões, informações e conceitos para pormos à mesa com as nossas vivências e
observações, e tirarmos conclusões próprias.
Flexíveis,
abertos às diferenças de pensamento, ao moinho de conhecimentos formais ou
informais e às adversidades nas visões de tudo, não seremos os idiotas
absolutistas que nunca podem retroceder, porque já se blindaram. Já se tornaram
estátuas de quem são. Dessa forma, seria constrangedor para nós eventualmente concluir
e confessar que as muitas pessoas ofendidas, diminuídas e ridicularizadas pela
nossa arrogância estavam certas o tempo todo.
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