Demétrio Sena, Magé – RJ.
Quando a gente se priva em demasia, fecha os olhos e prende
a voz; tampa os tímpanos e priva todos os sentidos e sensações que a vida
oferece, logicamente com os seus efeitos colaterais... mas que não fazem deixar
de valer a pena viver. Privacidade além da medida faz perder a magia dos
valores que circulam pra lá desse medo insano e da solidão que a gente afaga
por auto paixão doentia.
Com o tempo, a gente se perde nessa caverna dos estados mais
ocos das entranhas vencidas pela treva. Das estranhas verdades tão só da gente,
que não há quem possa entender e penetrar. Só a sensação do nada ou do vazio.
Esse abismo que habita o chão e se desfaz aos pés descalços de qualquer vontade
que não seja dormir pra tudo. Dormir pra sempre. Dormir pra nunca mais.
Mas quando a gente percebe que ninguém nasceu pra ostra ou
apenas para o de vez em quando de alguma tentativa pontual de fugir da gente
mesmo entre lugares e pessoas estranhas, outro cenário se desenha em derredor.
Outra mente se apossa da cabeça e os sentidos renovados vêm retomar o vazio
substituto do coração. É aí que se volta para o mundo e se reconcilia com a
vida.
No ato em que a gente se lança e se publica, só estabelecendo
critérios razoáveis, livres de qualquer patologia, o sentido de quem se é toma
corpo. O próprio corpo se assume corpo e a gente já não é surreal. Torna-se
alguém com invólucro para guardar a essência não mais espalhada no caos do
cosmo. É na rotina da vida real que a gente voa e vê que tudo vale a pena... e o
mundo é bom.
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