Demétrio Sena, Magé - RJ.
Atravessei a juventude sem dar a mínima importância para o que
pensavam e diziam de mim. Nos verdes tempos de minha vida, nunca tive a
pretensão de, como sempre foi dito pelos moços, ficar bem na foto.
Quando passei de meio século, comecei a me transformar. Tomei a
decisão de ser, não precisamente alguém melhor, porque isso é difícil, mas pelo
menos alguém menos pior. A visão da velhice anunciada, e com ela o fim, já me
fez repensar muitos conceitos, preconceitos, atitudes, pontos de vista e
sentimentos.
Deve
ser assim com muita gente. Por anos e anos, um 'nem aí' para ficar bem na foto.
Aí o tempo passa, e de repente a morte se desenha bem menos alheia e
misteriosa. Menos abstrata e mais definida.
Foi assim
que da meia idade para cá iniciei um projeto: Fazer as pazes comigo e com o
próximo. Ganhar novos afetos, manter os afetos atuais e repor os perdidos.
Gostar mais dos outros e ser bem menos apaixonado por mim ou por meus espelhos.
Vejo a
vida esvair por entre os dedos. O tempo fecha o cerco. Não posso correr o risco
de partir sem antes ter a certeza de ficar bem no epitáfio.
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