domingo, 14 de abril de 2019

O RETRATO DO BRASIL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sempre fugi dos ditos reality shows. Mas este ano, depois de ver um episódio do tal BBB, na rede Globo de Televisão, quando a participante cujo nome até gravei, disse palavras preconceituosas, tive muito interesse de assistir pelo menos a mais alguns episódios, para ver até que ponto iria o preconceito da moça. Não aguentei acompanhar tudo, mas vi a parte final. A Paula foi a vencedora do reallity.
Andei lendo a respeito e vi que a moça falou, durante a temporada, muito mais frases preconceituosas do que as ouvidas por mim. E no dia de sua vitória, o apresentador a classificou como autêntica, franca, e disse que foi a única que não teve medo de ser quem é. Um elogio rasgado aos preconceitos racista, religioso, de gênero e classe da vencedora. 
O Brasil é um país muito preconceituoso. Mas os preconceitos de toda sorte ganharam força total nas últimas eleições presidenciais, com o surgimento de um líder cujos discursos racistas, machistas, homofóbicos e recheados de ódio contra religiões e seitas de origem africana incendiaram as multidões incubadas. Os mais de sessenta por cento dos brasileiros que só precisavam de alguém que os encorajasse a libertar seu ódio; sua gana separatista.
Eis o conceito em voga: franqueza é gritar aos quatro ventos ofensas contra diversidades. Autenticidade é dizer sem meias palavras: 'Não gosto mesmo de preto e macumbeiro'. Ser quem é significa não se importar com o próximo, se ele não for igual; não rezar na mesma cartilha; não for da mesma etnia, religião, condição social...
Não foi por coincidência que a vencedora do reality obteve o mesmo percentual do vencedor das eleições presidenciais no ano passado. Votos de quem diz odiar a Globo, mas estava lá, prontinha para detonar pretos, pobres, eventuais gays, umbandistas e quaisquer outros que ousem ser diferentes do padrão desenhado por uma elite de merda.

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