domingo, 19 de maio de 2019

ESPELHO LAMENTÁVEL


Demétrio Sena, Magé – RJ.

Alguém repetiu para mim, anteontem, aquele clichê bem manjadinho desde a última campanha presidencial: “A gente votou nele, mas se ele pisar na bola, a gente vai lá e tira”. Tira não. Reelege. Pois o problema real é em que tempo ele vai considerar que o mito plantado e cultivado em seu coração pisou na bola, se todas as porcarias que já fez e disse o satisfazem plenamente.
Bolsonaro é violento e ele também é. Machista. Ele, igualmente. Acha que o povo deve ter armas, andar armado – inclusive menores – e ele também. É contra as artes e ele idem. Acha que professores e estudantes universitários são maconheiros e idiotas inúteis; logo, quem não quiser ser assim, não deve ter curso superior. Ele também acha. Detesta cultura. Igualmente ele. Faz piada preconceituosa em rede nacional com um japonês inocente e simpático, relacionada ao seu pênis, e ele é também um poço de preconceitos contra estrangeiros, negros, gays, fiéis de outras religiões e pessoas mais pobres do que ele pensa que não é. Odeia direitos humanos e quer criança na cadeia. Ele, da mesma forma. Não governa para todos, e ele faz parte (ou pensa que faz) do grupo para quem seu mito governa; sendo assim, que se danem os outros. E tem mais. Mas não cabe tudo aqui.
Espelho lamentável de quem jamais acordará, porque lhe basta um governo de máximas raivosas. Preconceituosas. Ódio. Um reino de proibições baseadas em questões pessoais e falsamente religiosas, que não podem ser confundidas com questões sociais. Um governo que pretende governar punindo pelo que considera pecados, como se fosse “Deus”, mais do que por crimes.

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