terça-feira, 24 de dezembro de 2019

FELIZ NATAL

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Tivemos o ano brasileiro da imbecilidade presidencial nas falas, nos atos institucionais e nas decisões "de orelhada". Tudo criteriosamente seguido e copiado pelos filhos, capangas ministeriais e ministérios da “fé” comprada pelas promessas de vantagens reais ou ilusórias à vista e a perder de vista. Não me refiro à fé legítima, sem aspas, que não visa essa espécie de sinal da besta; esse carimbo ideológico de prestígio e de postas abertas... ou não me refiro à exceção; falo apenas da maioria.

Destaque para a imbecilidade popular. Da mesma forma, não de toda a população; só de sessenta por cento. Um povo que aplaudiu cada palavra, gesto e decisão contra ele próprio. “Bateu palmas para maluco dançar”; pediu – e teve – a ditadura de volta. Ululou a favor do sucateamento definitivo da educação pública; da perseguição aos professores que promovem o pensamento crítico e a liberdade de expressão – e perseguiu junto.
Prestou ação de graças à quase extinção da ciência que busca, entre outros feitos, a cura para doenças e vírus graves. Enalteceu a destruição da natureza, o abuso oficial contra mulheres, estrangeiros e crianças, a ideia do trabalho infantil, do armamento em massa e do extermínio dos índios, pela devastação de suas reservas. Alegrou-se como antes nunca, pela segregação acentuada dos negros, dos membros de seitas e religiões de matriz africana e dos gêneros não convencionais ou obrigatórios.
Vimos uma massa ensandecida, que atuou sem saber por que razão, contra as artes e os artistas até então amados por suas histórias, posturas públicas, engajamentos em prol do livre arbítrio e do respeito às escolhas e orientações. Gritou-se aos ventos, cada um seguindo ao outro, todos submissos à vara e ao cajado do poder. Multidão cega, seguindo a multidão, sem ninguém se reconhecer no meio dela, por se tratar de uma hipnose.
Vim aqui desejar feliz natal. Aos oprimidos, opressores, e os que se julgam opressores, iludidos por vantagens passageiras. Um natal de reflexões pelo bom senso. Que os cristãos iludidos com o poder inquisitório e os profanos que se converteram à inquisição repensem o país. A nação livre, o estado laico, o justo discernimento entre questões espirituais e sociais, para o bem de todos os cidadãos em suas diferenças de classe, cultura, culto, não culto, gênero, etnia e tantas outras.
Que os políticos legislem e governem com justiça. Sem maldades. Buscando recursos nas fontes certas. Cortando gastos onde o tesouro se oculta e não na miséria ou escravidão popular, que tem sido a fonte de suas riquezas pessoais, entra governo sai governo. Sejamos povo com menos vocação para povo no sentido pejorativo da palavra e com mais vocação para gente; cidadãos; indivíduos pensantes; seres sociais.


QUADRILHA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não condeno a quadrilha que ocupa o poder;
ela foi concebida no ventre do povo;
foi um ovo chocado por milhões de mentes
diluídas, dementes, mas corporativas...
Ninguém há de negar que as loucuras do bando
têm aval popular de maioria plena,
cada hiena que mata e sitia o país
é bichinho estimado por esses milhões...
Elegeu-se a tragédia, legitimamente;
aclamou-se a miséria por ato legal;
todo mal que sofremos é bem merecido...
Democrática fome que rói cidadãos;
democráticas mãos da multidão insana
debulharam, felizes, a própria ruína...




A MESMA PESSOA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Quero em cada pessoa, realmente uma;
não importa o momento que atravesse agora,
seu outrora, o futuro que faz cara incerta
ou a mágoa recente (que não provoquei)...
Venha triste ou feliz, mas a mesma pessoa
no sorrir, no chorar e dizer o que dói,
na peleja e na loa, seja enferma ou sã,
caçarei o seu eu nos desvãos de su'alma...
Prezo cada verdade como veio a mim;
não as formas diversas, as conveniências,
a má fé ou doença do próprio caráter...
Vejo em todos os seres o que se mostrou
nos instantes da faixa de apresentação
e do show na versão que se vendeu pra mim...


FORMADO EM SER HUMANO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Jogo bem esses jogos de vinganças
que se abrem nos vãos da insanidade,
só não jogo; são danças evasivas
e covardes; perdidas no salão...
Sei brincar de ciúmes, mas não brinco;
são cirandas inúteis e sem fim;
fico em mim, deixo estar e me preservo
para jogos que valham meu desgaste...
Sou pessoa entendida de pessoas;
ser humano formado em ser humano;
teço loas tão bem quanto pelejo...
Mas velejo por águas mais seletas;
minhas metas não mentem pro meu ego
nem me fazem brigar por causas vãs...



QUADRILHA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não condeno a quadrilha que ocupa o poder;
ela foi concebida no ventre do povo;
foi um ovo chocado por milhões de mentes
diluídas, dementes, mas corporativas...
Ninguém há de negar que as loucuras do bando
têm aval popular de maioria plena,
cada hiena que mata e sitia o país
é bichinho estimado por esses milhões...
Elegeu-se a tragédia, legitimamente;
aclamou-se a miséria por ato legal;
todo mal que sofremos é bem merecido...
Democrática fome que rói cidadãos;
democráticas mãos da multidão insana
debulharam, felizes, a própria ruína...

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