segunda-feira, 5 de outubro de 2020

CRISTIANISMO ELEITORAL

Demétrio Sena - Magé 

A frase mais infeliz - e sacana - que ouvi a todo momento nas últimas eleições presidenciais foi a tal de "cristão vota em cristão". Foram essas eleições do tal voto cristão corporativo das igrejas e seus interesses nada cristãos que ascenderam, por exemplo, aos cargos máximos do país, do Estado e da capital do Rio de Janeiro, três monstros nojentos e cruéis... capazes das piores tramas para se darem bem, sem a mínima importância ou atenção aos mais necessitados... aos que hoje sofrem como nunca, os efeitos da obediência cega e intransigente aos líderes que negociaram seus votos e se deram bem às suas custas.

Não é de hoje que a filosofia do "cristão vota em cristão" é imposta como imposto - ou dízimo ideológico perverso - aos membros das igrejas cristãs deste país... notadamente as igrejas evangélicas que, salvo exceções, não poupam esforços para seus municípios, estados e o país terem no poder público representantes apenas seus. Executivos e parlamentares que obedeçam às lideranças pastorais, com a criação e aprovação de leis que as empoderem... perdoem suas dividas e as tornem cada vez mais ricas, dando aos membros mais simples a ilusão do mesmo poder na terra, mas a riqueza, só no além; no sonhado céu.

Ao empoderarem as lideranças, os poderes eleitos pelos votos cristãos de cabresto não precisam temer nada... podem ser corruptos, racistas, raivosos, ditadores e destruidores da natureza, pois tudo é perdoado pelo toma-lá-dá-cá... pelas vantagens, nomeações em secretarias, ministérios e outros setores em todas as esferas. O bordão correto para o contexto seria "Cristão vota em cristão, de fato ou não". Ficaria evidente que basta o candidato se auto declarar e oferecer aos caciques todos os poderes, vantagens, facilidades, trânsitos, influências... e aos meros fiéis, ilusões e o poderzinho básico sobre não cristãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário