Demétrio Sena - Magé
Ninguém quer se meter no que mais devia. Não se imiscui, por exemplo, em um caso de abuso a uma pessoa vulnerável... em uma dessas covardias que se tornaram comuns e toleradas. É sempre como se fosse algo explicável por quem faz, porque a sociedade (sei que sou a sociedade) normalizou.
E ninguém quer se meter no preconceito explícito manifestado em uma loja, em um clube, uma escola. O tal do "não ter jeito" é uma velha e confortável explicação que decola das bases do egoísmo instituído pelo silêncio em massa. Pelo não ter nada com isso, porque "não é de minha conta".
É de nossa conta, sim. Temos tudo com tudo que nos torna a espécie mais fria do planeta. Que nos põe nessa conveniente sarjeta moral. Nesse porto seguro do "já pagamos nossos impostos para o poder público resolver essas questões", como se tais questões não fossem humanas; apenas políticas.
Não há como não concluirmos que somos esta ruína inestimável. Esse caos borbulhante que se acotovela em uma solidão superlotada. Somos uma filial dos escombros mais sombrios que tricotam seus fios em crendices inúteis. E jogamos aos leões, aqueles que mais precisam do nosso acolhimento.
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Respeite autorias. É lei
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