quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

VIOLÊNCIA ILUSTRATIVA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Tempos atrás, não imaginava que poderia receber um torpedo e continuar vivo. Hoje, tanto recebo quanto envio diariamente vários torpedos pelo aparelho de telefonia celular, e veja: estou de pé e nunca matei ninguém. Coisa dos tempos modernos, quando associamos a gestos, atitudes e particularidades, ideias de violência. Velha e querida violência, tão arraigada em nossas almas e difundida nos pensamentos do dia a dia.
Se resolvemos dois problemas ou questões ao mesmo tempo, esquecemos nossos discursos de sustentabilidade (pelos quais a vaca vai para o brejo), e dizemos em alto e bom som, que matamos dois coelhos com uma só cajadada. Caso idêntico acontece, ao afirmarmos que o nosso trabalho é árduo, com a metáfora de que matamos um leão por por dia. 
Tem gente que vive matando a pau (fazendo muito bem, o que faz); matando a cobra e mostrando o pau (realizando e provando que realizou algum prodígio). Também engolindo sapos (quando releva os desaforos que ouve ou as injustiças que sofre), ou deixando o sangue, às vezes couro no trabalho (porque trabalha em demasia).
Por falar em trabalho, muitos o chamam de luta ou guerra pela sobrevivência, de forma que o trabalhador é um guerreiro; como também é um guerreiro, quem insiste na busca de seus ideais. Buscar o sucesso é ir à luta, e não trabalhar ou estudar no dia seguinte ao feriado é enforcar. E quem não trabalha, vive dando facadas na família e nos amigos, o que nada mais é do que pedir emprestado aquele dinheiro que nunca será pago. 
Mas voltando ao começo desta reflexão, não se pode negar que o número imenso de torpedos enviados todos os dias pelas operadoras de telefonia celular aos nossos aparelhos é insuportável. São torpedos de mau gosto, portadores de propagandas bizarras, maioria enganosas. Isto sim, é uma violência... uma guerra sem trégua... que nos faz morrer de raiva.

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