Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quando
percebeu que eu aceitara em meu perfil de rede social a solicitação de uma
distinta senhora que diariamente se mostra nua em sua linha do tempo, um
contato puritano me remeteu uma mensagem desaforada, para só depois me
bloquear. Nenhum problema com o bloqueio, que neste caso me foi conveniente,
mas a sua mensagem ofendia uma pessoa ausente, que nenhum mal lhe fizera, e
cujo perfil público não tem como ser visto sem expressa e voluntária visita.
Posso até adivinhar o que tenha ocorrido ao meu ex-contato, por obra de uma
possível patologia, talvez de fundo religioso, para deixá-lo tão culpado.
A vítima do puritanismo em questão tem um dos mais relevantes
perfis que já conheci em rede social. Ela usa delicada e criativamente o corpo,
tanto como arte quanto como expressão legítima de pura liberdade. Cada pose
exibida é contextualizada por um madrigal, de sua autoria, sobre algo
relevante: preconceito racial, social, de gênero, intolerância religiosa e algo
similar. Imagino que o ex-amigo não percebeu tudo isso, porque ficou fissurado
exatamente no que o levou a julgar, condenar e aplicar a sanção ao seu curto
alcance.
Manterei a senhora nua em meus contatos. E se outros quiserem me
bloquear, que o façam, pois a senhora nua tem bem mais a dizer do que as
criaturas sonsas que usam roupa como farda para esconder as falhas de caráter.
Que não têm, para usarem o corpo como arte ou expressão de liberdade, a mesma
coragem de minha amiga virtual – e virtuosa –, a quem devoto respeito e
admiração. Aliás, um respeito e uma admiração que nem sonho ter por gente
muito bem vestida para julgar, excluir, fraudar, enriquecer com o medo alheio
do inferno, com verbas públicas e todas as outras formas de exploração da fé
pública.
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