Demétrio Sena, Magé - RJ.
Embora sempre ouça de alguém a mesma
explicação esdrúxula, foi com espanto e frustração que ouvi uma grande amiga explicar
seu motivo para não visitar um parente hospitalizado: ela não gosta de
hospital. Ainda emendou que também não vai a velórios e sepultamentos, porque “não
curte” capelas mortuárias e cemitérios.
Bem que tento entender minha
grande amiga, exatamente por ela ser minha grande amiga, levando em conta o seu
temperamento sempre alegre. Seu despojamento, a expressão leve, o rosto cheio
de luz. Inquieta, enérgica, cheia de vida, ela nunca dispensa uma balada; malha
todos os dias; é flamenguista convicta e não perde um só jogo do seu mengão.
Mesmo que aceite a explicação,
não consigo evitar o meu lamento. Confesso que não por ela, mas por mim, pela
consciência de que não contarei com sua presença, caso fique doente ou me aconteça
o pior. A menos que eu seja
hospitalizado numa discoteca; velado numa academia de ginástica; sepultado num
estádio de futebol.
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